1 - Reclamar. Não somos espírito de porco, mas a alegria carnavalesca é insuportável. O Carnaval é a pior época do ano para estar triste. Em matéria de "datas opressoras", a folia momesca (estamos usando este nome péssimo de propósito) consegue até superar o Réveillon. Todos sambam e se divertem. E você se sente na obrigação de ir correndo atrás toda vez que um bloco passa. Senão ficaria explícito que há algo errado com você.

2 - Sair correndo atrás de um bloco. Porque você estava parado na rua, a banda passou e você resolveu ir atrás só para não ser um brasileiro ingrato. Até porque você sabe todas aquelas músicas de cor. E você terá flashbacks dos bailes de infância que era obrigada a freqüentar.

3 - Ir para a concentração de uma escola de samba. Esse é um programa quase suicida, muito em voga em cidades como o Rio de Janeiro. Você vê que comeu mosca, que não foi viajar, que não comprou uma fantasia para desfilar... e surta: convence um grupo de amigos a ir à concentração da Mangueira porque vai ser ótimo. É um programa suicida porque você enfrenta o perrengue, mas não desfila nem vê desfile nenhum. E, lá pelas tantas, um amigo seu inventa de comprar ingressos para ver o desfile, que devem estar vendendo barato... e você chega em casa de manhã -sem ter visto desfiles, é claro!

4 - Ficar em casa vendo os desfiles pela TV, porque no fundo é muito engraçado. As pessoas sempre dão depoimentos bizarros e cometem gafes. E, afinal, a gente tem uma escola preferida e -mesmo que a gente fale mal da folia momesca- acaba se emocionando.

5 - Comprar trajes bizarros. Nos 44 do segundo tempo a gente inventa que tem de estar fantasiada. E compra uma máscara freak de borracha. Ou então, uma ala inteira de coelhas. Ou um nariz de palhaço. Tudo para participar do surto carnavalesco. E a gente, que estava reclamando da folia momesca, fica pagando mico no meio da rua. É algo mais forte do que a gente.

6 - Ficar em grupos cantando sambas antigos. Porque todo brasileiro tem uma espécie de arquivo mental em que ficam todos os sambas já compostos. E quando alguém puxa um samba, começamos todos a cantar... Como se fôssemos paranormais do samba.

7 - Viajar para um local isolado e fingir que o Carnaval não existe. Nova Zelândia, Ilhas Maurício.

8 - Ir para uma cidade do interior. Compre uma fantasia de bate-bola e saia fazendo arruaça pela cidade.

9 - Aproveitar para liberar a franga. Beijar vários num baile ou trio elétrico. Cantar "Bota a camisinha, bota meu amor". Sambar abaixando até o chão, feito madrinha da bateria.

10 - Ler os clássicos da literatura. OK, confessamos que não temos mais idéias para a lista. Mas os clássicos são sempre uma boa opção!


Texto Anterior: No mundo da lua
Próximo Texto: Game on: Jogos são para gente de todos os tamanhos
Índice