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GAME
Geração que cresceu mexendo com a internet começa a despontar na construção de jogos feitos apenas com ferramentas gratuitas encontradas na própria rede
O Brasil faz o jogo
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitas vezes seus pais ficam preocupados com o tempo que você
passa na frente do computador,
não é? O que eles não percebem é que essas
-muitas- horas no teclado podem decidir o seu futuro profissional. Mesmo que a
profissão escolhida seja desenvolver jogos
para computador ou videogame.
A geração que cresceu com certa familiaridade com a internet já começa a despontar por aí com jogos feitos em casa usando
ferramentas que são gratuitas na rede e que
podem ser aprendidas sem ajuda, mas com
muita dedicação e interesse.
Denis do Nascimento Carvalho, 18, entrou na internet pela primeira vez quando
tinha 14 anos. Não saiu mais. Um ano depois passou a se interessar pelo Flash, programa que desenvolve animações em sites.
Com o conhecimento básico que tinha da
língua inglesa, decifrou as dezenas de tutoriais sobre o programa disponíveis na web.
Hoje, ele desenvolve um game de luta com
colegas que conheceu em uma sala de bate-papo que dá suporte para pessoas com problemas e dúvidas sobre o Flash.
"Rolou por curiosidade. Hoje eu sei um
pouco de tudo", conta Denis, em um intervalo de um projeto de site que ele desenvolve para um amigo. Fatura R$ 50 por hora
de trabalho. "Dinheiro mesmo eu ainda
não ganho, pois não tenho salário. Mas, dependendo do projeto que pego, dá para ganhar um pouquinho", conta Denis, que
não tentará entrar na faculdade de computação. "É muito concorrido e eu já aprendi
quase tudo o que preciso para fazer programações. Quero prestar publicidade."
Junto com amigos que conheceu na rede,
Denis participou de um enduro de criação
de game em 24 horas promovido pela mostra "game_cultura", em cartaz no Sesc
Pompéia, em São Paulo. Também encarou o desafio o artista gráfico Renato Klieger Gennari, 22, que
trabalha desenhando cenários para jogos
desde os 19 anos. Hoje, ele está contratado
por uma empresa que cria games para celulares, sites, PCs e para consoles, como o
MegaDrive (sim, ele ainda existe).
Ele começou a se envolver com computação gráfica aos 15 anos, ajudando a mãe,
que é artista plástica. "Os adolescentes têm
a cabeça mais aberta e estão mais envolvidos com esse universo. Com o tempo livre,
podem se dedicar com mais tranqüilidade", diz Renato, que se formou em comunicação social com ênfase em multimídia.
Para essa galera, faculdade ou curso de
computação acaba sendo desnecessário,
afinal, eles aprenderam sozinhos quase tudo o que precisam para trabalhar hoje. É o
caso de Luiz Segundo, 23, que trabalha com
criação e desenvolvimento de sites e sabe
usar o Flash desde os 17 anos. Ele até cursou
três meses de faculdade de webdesigner.
"Achei o curso muito fraco. Já sabia tudo."
Luiz sempre gostou de animação e de desenhar, mas nunca foi de jogar. "Achava
mais divertido criar cenários para o "Counter-Strike" do que jogar. Fiz um cenário que
imitava o sítio de uma amiga."
Assim como ele, André Menezes Brunetta, 22, também nunca foi fã de videogames,
mas, desde os 16 anos, já domina o uso do
Flash. Hoje ele trabalha como desenvolvedor de sites para uma empresa. "Ter começado cedo ajuda pela vontade de descobrir
coisas novas, mas não é essencial", conta.
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