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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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Banda "cult" fica próxima e deixa de ser "cult"

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Esta semana, por curiosidade, dei uma olhada nos shows que estão rolando na tranquila San Diego, extremo sul da Califórnia.
Nada muito sensacional, mas um deles chamou a atenção: o da banda nova-iorquina Interpol, dia 20 passado, no Canes Bar & Grill.
Entrei no site do tal clube (www.canesba randgrill.com) e deu para ver que é um lugar daqueles bem normais, de beira de praia, onde de vez em quando rolam shows ao vivo.
Mas acho que essa "normalidade" tem muito a ver com o modo como os fãs de música se relacionam com a dita cuja (a música).
Ou seja, se o Interpol ou qualquer outro grupo se apresenta em um lugar bacana, mas que é pouco mais do que o bar da esquina, então é muito pouco provável que esse grupo se transforme em objeto de admiração "cult", só para iniciados. Pelo simples fato de eles estarem ali ao lado, ao alcance de qualquer um que os conheça (ou seja, que tenha lido sobre eles numa revista que custa US$ 4, no máximo) e que tenha os US$ 8 ou US$ 10 do preço do ingresso (que é o quanto custam normalmente shows independentes).
De vez em quando dou uma olhada em blogs, esses diários on-line tão na moda, e sempre acho o de algum brasileiro que mora no exterior . Mais de uma vez encontrei descrições de shows a que os brazucas tinham assistido e me diverti com a "floreada" que o pessoal dá na história.
Tipo assim: "Era uma luz fraca no fim de um beco imundo. Movendo-se em meio ao esgoto e às ratazanas enfurecidas, eu e meus amigos, cada um com uma lata de cerveja da Eslovênia nas mãos, chegamos ao local do show. No clube, fétido, tivemos minutos de epifania ao ver, se esgoelando no palco, a banda que vai mudar o mundo: The Stovenchosky Hellmakers".
Claro que o parágrafo acima é fictício, nunca li nada exatamente assim. Mas que já vi muita coisa parecida, isso eu já vi.
Na verdade, todo esse clima de aventura é exagero puro. Toda cidade importante dos EUA tem quatro ou cinco clubes, geralmente em localização central. E a lista de shows está disponível em jornais semanais que são distribuídos grátis em máquinas de rua. Quer dizer: mais fácil, impossível.
Lembro de quando os Strokes estavam começando, já eram muito falados nos círculos "indie" e foram tocar em San Francisco, onde eu morava. Paguei US$ 8 pelo ingresso (mixaria para os padrões locais), e não tinha nem fila na entrada. A capacidade do clube era de menos de 300 pessoas. Moleza, não é?

 

Por causa de viagem com previsão de 29 horas de trabalho diárias que farei na semana que vem, estarei ausente deste espaço na próxima segunda. Se tudo der certo (toc-toc-toc) , daqui a 15 dias, "Escuta Aqui" volta com força total, contando as novidades da costa esquerda dos EUA. Alalaô!

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