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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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Garotos rompem o cerco da violência

DA REPORTAGEM LOCAL

O mais recente campeão do Favela Open é Leandro de Oliveira Cruz, 15, vencedor das duas últimas edições do torneio. Nos primeiros seis meses deste ano, nas horas em que ele não estiver na escola, será a sombra de Jorge Nascimento. "Antes de os campeões irem sozinhos trabalhar em uma academia, eles passam um tempo treinando comigo. Porque é preciso saber mais que tênis para entrar nesse mundo. É preciso ter educação, saber falar como os ricos, não como se fala na rua aqui no Capão", diz Nascimento.
A importância de Nascimento na formação desses garotos é reconhecida. "O Jorge fez tudo por nós. Se jogo tênis, é por causa dele e do Guga", diz Leandro, que já começou a trabalhar como pegador de bola na Net Ball.
"Antes ficava na rua, via droga, essas coisas. Agora fico de segunda a segunda na academia", diz.
O vice-campeão da edição de 2000, Diego Marcos da Silva, 13, também já está encaminhado, trabalhando na Match Ball. Mas, além de estudar e se dedicar ao tênis, ele também é o responsável por guardar as raquetes, bolas e redes do projeto. Sobre o seu futuro, não tem dúvidas: "Quero ser profissional. Se não der, serei professor de tênis", afirma.
Como exemplo, os dois garotos têm o professor da Play Tennis Aglailton Félix, 20, e o tenista Edivan de Araújo, 20 - dois antigos campeões do Favela Open.
Aglailton, depois de pegar muita bolinha e treinar sério, já conseguiu ser professor, o que o distanciou da realidade do local onde mora. "Ainda moro no Capão, mas uma das minhas metas é tirar a minha mãe de lá. Estudei lá, tinha muitos amigos de escola, mas, hoje, os vejo na rua e chego a ter medo", lamenta Aglailton.
Edivan conseguiu um patrocínio para os próximos dois anos e luta para se tornar profissional. "Hoje eu consigo ganhar para jogar tênis. Treino todos os dias, de manhã e de tarde."

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