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Garotos rompem o cerco da violência
DA REPORTAGEM LOCAL
O mais recente campeão do Favela Open é Leandro de Oliveira Cruz, 15, vencedor das duas últimas edições do torneio. Nos primeiros seis meses deste ano, nas
horas em que ele não estiver na escola, será a sombra de Jorge Nascimento. "Antes de os campeões
irem sozinhos trabalhar em uma
academia, eles passam um tempo
treinando comigo. Porque é preciso saber mais que tênis para entrar nesse mundo. É preciso ter
educação, saber falar como os ricos, não como se fala na rua aqui
no Capão", diz Nascimento.
A importância de Nascimento
na formação desses garotos é reconhecida. "O Jorge fez tudo por
nós. Se jogo tênis, é por causa dele
e do Guga", diz Leandro, que já
começou a trabalhar como pegador de bola na Net Ball.
"Antes ficava na rua, via droga,
essas coisas. Agora fico de segunda a segunda na academia", diz.
O vice-campeão da edição de
2000, Diego Marcos da Silva, 13,
também já está encaminhado, trabalhando na Match Ball. Mas,
além de estudar e se dedicar ao tênis, ele também é o responsável
por guardar as raquetes, bolas e
redes do projeto. Sobre o seu futuro, não tem dúvidas: "Quero ser
profissional. Se não der, serei professor de tênis", afirma.
Como exemplo, os dois garotos
têm o professor da Play Tennis
Aglailton Félix, 20, e o tenista Edivan de Araújo, 20 - dois antigos
campeões do Favela Open.
Aglailton, depois de pegar muita
bolinha e treinar sério, já conseguiu ser professor, o que o distanciou da realidade do local onde
mora. "Ainda moro no Capão,
mas uma das minhas metas é tirar
a minha mãe de lá. Estudei lá, tinha muitos amigos de escola,
mas, hoje, os vejo na rua e chego a
ter medo", lamenta Aglailton.
Edivan conseguiu um patrocínio para os próximos dois anos e
luta para se tornar profissional.
"Hoje eu consigo ganhar para jogar tênis. Treino todos os dias, de
manhã e de tarde."
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