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São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

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FOLHATEEN EXPLICA

Banco Central elevou a taxa de 25,5% para 26,5% ao ano na quarta

Como o aumento dos juros afeta a vida de todo mundo?

DA REDAÇÃO

Na última quarta-feira, 40 dias depois da posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do país, o Banco Central elevou pela segunda vez o patamar da taxa de juros, de 25,5% para 26,5% ao ano.
Por mais que a maioria da população tenha dificuldades para entender o significado dessas decisões e que elas pareçam sempre uma conversa sem sentido de especialistas em economia, esses números afetam a rotina de todo mundo, de quem anda de metrô e de ônibus e de quem tem carro importado.
A elevação da taxa de juros significa que o custo para obter dinheiro fica mais caro. E esse encarecimento quer dizer que vai ficar mais difícil pagar a prestação do crediário, a fatura do cartão de crédito (se você parcela o pagamento), o valor que fica devendo ao banco quando utiliza o cheque especial (ou, para quem não tem esse "luxo", o custo do empréstimo obtido com os bancos para pagar dívidas). Ou seja, fica mais difícil conseguir esticar o salário até o fim do mês.
E é inevitável perguntar: por que o governo elevou os juros? A resposta está no mecanismo que parte dos economistas acredita funcionar para controlar a inflação (aumento generalizado dos preços).
Quando se eleva a taxa de juros, as pessoas tendem a comprar menos. Quando isso acontece (a chamada redução da demanda) fica mais fácil manter sob controle o que se chama de "pressão inflacionária".
A expectativa do BC é que o recurso provoque o desaquecimento da economia e possa ajudar no cumprimento da meta de inflação deste ano, fixada em 8,5%. Com a economia desaquecida, as empresas teriam menos espaço para reajustar seus preços. Ou seja, ao perceber que há um grande risco de a inflação disparar, o governo Lula estaria adotando uma solução "preventiva".
Mas esse tipo de remédio é daqueles que também pode matar o paciente. Como o custo do dinheiro fica mais alto, torna-se mais difícil para as empresas o processo de fazer investimentos (para ampliar a produção, comprar máquinas para modernizar-se, contratar novos funcionários etc.).
Quando não há expansão da atividade econômica, registra-se aquilo que os economistas chamam de "recessão" (uma espécie de paralisia econômica cujo efeito mais conhecido é o aumento do desemprego).
Para resumir: se menos pessoas compram, os empresários investem menos para produzir (e vender) mais. Por causa disso, fica ainda mais difícil ter emprego para tanta gente.
A decisão, por ser polêmica, recebeu críticas de todos os lados, tanto na oposição como entre integrantes do PT, tanto entre os empresários como entre os sindicalistas.

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