|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOLHATEEN EXPLICA
Banco Central elevou a taxa de 25,5% para 26,5% ao ano na quarta
Como o aumento dos juros afeta a vida de todo mundo?
DA REDAÇÃO
Na última quarta-feira, 40 dias depois da
posse de Luiz Inácio Lula da Silva como
presidente do país, o Banco Central elevou
pela segunda vez o patamar da taxa de juros,
de 25,5% para 26,5% ao ano.
Por mais que a maioria da população tenha
dificuldades para entender o significado dessas decisões e que elas pareçam sempre uma
conversa sem sentido de especialistas em economia, esses números afetam a rotina de todo
mundo, de quem anda de metrô e de ônibus e
de quem tem carro importado.
A elevação da taxa de juros significa que o
custo para obter dinheiro fica mais caro. E esse encarecimento quer dizer que vai ficar mais
difícil pagar a prestação do crediário, a fatura
do cartão de crédito (se você parcela o pagamento), o valor que fica devendo ao banco
quando utiliza o cheque especial (ou, para
quem não tem esse "luxo", o custo do empréstimo obtido com os bancos para pagar dívidas). Ou seja, fica mais difícil conseguir esticar o salário até o fim do mês.
E é inevitável perguntar: por que o governo
elevou os juros? A resposta está no mecanismo que parte dos economistas acredita funcionar para controlar a inflação (aumento generalizado dos preços).
Quando se eleva a taxa de juros, as pessoas
tendem a comprar menos. Quando isso acontece (a chamada redução da demanda) fica
mais fácil manter sob controle o que se chama
de "pressão inflacionária".
A expectativa do BC é que o recurso provoque o desaquecimento da economia e possa
ajudar no cumprimento da meta de inflação
deste ano, fixada em 8,5%. Com a economia
desaquecida, as empresas teriam menos espaço para reajustar seus preços. Ou seja, ao perceber que há um grande risco de a inflação
disparar, o governo Lula estaria adotando
uma solução "preventiva".
Mas esse tipo de remédio é daqueles que
também pode matar o paciente. Como o custo do dinheiro fica mais alto, torna-se mais difícil para as empresas o processo de fazer investimentos (para ampliar a produção, comprar máquinas para modernizar-se, contratar
novos funcionários etc.).
Quando não há expansão da atividade econômica, registra-se aquilo que os economistas chamam de "recessão" (uma espécie de
paralisia econômica cujo efeito mais conhecido é o aumento do desemprego).
Para resumir: se menos pessoas compram,
os empresários investem menos para produzir (e vender) mais. Por causa disso, fica ainda
mais difícil ter emprego para tanta gente.
A decisão, por ser polêmica, recebeu críticas
de todos os lados, tanto na oposição como entre integrantes do PT, tanto entre os empresários como entre os sindicalistas.
Texto Anterior: Inter notas Próximo Texto: Estante: O olhar da arte sobre as mazelas da modernização das cidades Índice
|