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Retrato de situações do cotidiano garante a identificação das leitoras
DA REPORTAGEM LOCAL
Por que as meninas adoram as historinhas japonesas? Há 30 anos debruçada sobre os mangás, a professora de
comunicação e especialista em HQs,
Sonia Bib Luyten, 54, autora do livro
"Mangá, o Poder dos Quadrinhos Japoneses" (ed. Hedra), explica que, antes do mangá, não havia nada direcionado às adolescentes.
"No Japão, há quadrinhos para todas
as faixas etárias e divididos por sexo",
explica. Segundo ela, os desenhistas japoneses têm idade próxima à dos fãs e
sabem o que acontece em seu cotidiano, por isso a identificação dos leitores
com as histórias.
Luyten afirma que o número de meninas que lêem HQs no Brasil aumentou consideravelmente depois da onda
de lançamentos dos anos 90. "O mangá
existia desde que os imigrantes japoneses vieram para cá. Os brasileiros não
descendentes é que nunca perceberam
isso", explica a professora.
Foi somente depois de emplacar nos
EUA e na Europa que as HQs japonesas
chegaram por aqui, por meio de games,
dos "animes" e dos mangás. Algumas
das séries que fizeram sucesso entre as
meninas foram "Candy Candy", "A
Princesa e o Cavaleiro", "Sakura Card
Captors", "Yu Yu Hakusho", "Love Hina" e, mais recentemente, "Fushigi Yûgi" e "Evangelion".
A chegada dos mangás também deu
abertura para personagens brasileiras
mais atiradinhas como a "Aline", do
cartunista Adão Iturrusgarai. "As adolescentes se identificam muito com ela,
que é forte e sedutora", diz a professora
Maria Cristina Merlo, 40, autora da tese
"Um Século de HQ no Brasil".
Outro fenômeno impulsionado pelas
HQs japonesas foi o surgimento de
uma geração de mulheres roteiristas
que estão criando histórias com características brasileiras. Algumas delas serão reunidas no álbum "Mangá Tropical" (ed. Via Lettera), que deve ser lançado ainda neste mês.
(AF)
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