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POLÍTICA
Estatuto da Juventude é debatido
em encontros pelo país; e governo federal deve anunciar em junho sua Política Nacional da Juventude
Juventude em pauta
Antônio Gaudério/Folha Imagem
![](../images/t2405200401.jpg) |
Jovens que participaram de encontro preparatório organizado pelo Instituto Sou da Paz para a conferência regional de São Paulo |
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algo de novo no ar. Pode ser que você ainda não saiba, mas milhares de
jovens de todo o país estão se organizando para discutir políticas públicas para a
juventude. Desde o ano passado, uma
comissão especial da Câmara dos Deputados está estudando a elaboração do Estatuto da Juventude, uma lei sobre jovens, e do Plano Nacional da Juventude,
uma espécie de plano de metas para que
a lei seja cumprida. As propostas têm enfrentado críticas.
Para que os jovens participem, estão
sendo organizadas conferências em todos os Estados. De 16 a 18 de junho, milhares de jovens devem comparecer à
Conferência Nacional da Juventude, em
Brasília, levando propostas regionais.
Além disso, o governo federal criou
neste ano o Grupo Interministerial da Juventude, coordenado pelo ministro Luiz
Dulci (Secretaria Geral da Presidência), e
deve anunciar em junho a sua Política
Nacional da Juventude. Pode ser criada
uma secretaria especial da Juventude,
com status de ministério.
O Folhateen apurou que, em reunião
há duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à sua equipe que
não divulgue nada antes de o projeto estar completamente pronto. Isso porque,
em ocasiões anteriores, como no lançamento do Fome Zero e do Primeiro Emprego, o governo sofreu várias críticas
porque os programas foram anunciados
sem estarem totalmente fechados.
Mas não é só. Centenas de pequenas
organizações de jovens estão organizando encontros locais e se articulando em
redes pela internet. O momento atual está sendo comparado ao final dos anos 80,
época em que foi criado um consenso sobre a necessidade de haver leis para resguardar direitos dos menores de idade,
que resultou na elaboração do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Por
enquanto, a idéia é que o Estatuto da Juventude atenda a pessoas de 15 a 29 anos.
"O tema juventude conseguiu estar na
pauta de discussão de políticas públicas", diz Livia de Tommasi, 42, coordenadora do projeto Redes e Juventudes.
"Acho que é importante criar novas leis
para jovens, porque, depois dos 18 anos,
começa uma fase da vida que tem demandas específicas, como a inserção no
mercado de trabalho, a constituição da
família e o acesso ao ensino superior."
Uma das questões que vêm sendo discutidas é como garantir que as novas leis
sejam colocadas em prática. O Estatuto
do Idoso, aprovado no ano passado,
trouxe uma série de direitos às pessoas
com mais de 60 anos. Mas não impediu,
por exemplo, o então ministro da Previdência Ricardo Berzoini (hoje ministro
do Trabalho) de bloquear o pagamento
das aposentadorias de idosos com mais
de 90 anos e de colocá-los em filas. O
próprio ECA, que trouxe avanços na
questão dos direitos das crianças e adolescentes, prevê uma série de medidas,
como a extinção das Febens, que até hoje
não foram implementadas.
"Só ter leis no papel não garante que
elas irão funcionar. Mas a ausência de
leis não garante nada mesmo. O estatuto
é um ponto de partida", diz Danilo Moreira, 30, diretor de políticas públicas de
juventude do Cemj (Centro de Estudos e
Memória da Juventude).
O deputado federal Reginaldo Lopes
(PT-MG), presidente da comissão especial que está conduzindo o processo, afirma que é fundamental ter legislação sobre o assunto. "Na Constituição, a palavra juventude aparece só uma vez", diz.
O deputado federal Lobbe Neto (PSDB-SP), vice-presidente da comissão, afirma
que "é preciso centralizar as políticas públicas que já existem." Sobre as críticas,
ambos dizem que nada está fechado e
que as propostas vão ser discutidas.
De qualquer forma, não será fácil criar
um consenso, dada a diversidade dos
movimentos de jovens. Mas a mobilização que se formou não deixa de ser uma
conquista. "O processo já está valendo
mais do que o produto final", diz Livia de
Tommasi.
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