São Paulo, Segunda-feira, 24 de Maio de 1999
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Cinema
Ficção embaralha real e virtual

da Reportagem Local

O que você faria se descobrisse, de repente, que passou toda sua vida num mundo imaginário, criado num programa de computador injetado no seu cérebro? E que seu corpo jaz inerte num casulo, mero combustível para alimentar as máquinas que dominam o mundo? Quem tem de responder à pergunta é Neo (Keanu Reeves), não por acaso um hacker.
Esse é o universo de "Matrix", a espetacular ficção científica escrita e dirigida pelos endiabrados irmãos Wachowski -Andy, 32, e Larry, 34-, que só haviam feito o ousado "Unidas pelo Desejo".
Neo é procurado por um tal de Morpheus (Laurence Fishborne), por sua vez o hacker mais procurado pelos "agentes", homens de preto encarregados de manter o programa rodando sem furos. Morpheus é o único que sabe como destruir Matrix, mas não pode fazê-lo. Quem pode é o predestinado. Neo? Esse é o mistério do filme.
Os Wachowski trabalham esse enigma com inteligência e profundidade incomuns. Transformam as referências da literatura cyber, dos clichês do cinema e até da filosofia em delírio visual, com efeitos especiais de primeira e uma técnica impecável. Com tudo isso, acabam fazendo da frenética e vertiginosa saga de Neo uma busca pelo sentido da vida, como tinha de ser.
Que não dispensa perseguições de tirar o fôlego, tiroteios, lutas de kung fu e até um duelo típico do melhor dos faroestes, aventura pura. Não é por acaso que "Matrix" acumulou US$ 145 milhões em seis semanas nos EUA.
Quando abre as portas da realidade para Neo, Morpheus lhe dá a chave da redenção: a possibilidade de subverter as regras do programa e destruí-lo. Mas saber não é suficiente, Neo precisa acreditar no que sabe e sente, e não na ilusão do que vê. Não é à toa que o oráculo, que deveria confirmar sua condição de predestinado, lhe devolve a pergunta com o clássico "Conhece-te a ti mesmo". Depois, tudo é possível. (FÁTIMA GIGLIOTTI)



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