GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo fim de semana é a mesma coisa. Sexta promete, sábado é uma delícia e, no domingo, já começa a bater aquela angústia e a vontade de fazer o tempo voltar.
Com o novo disco de Stela Campos -não por acaso batizado de "Fim de Semana"-, a sensação que fica é a mesma. Nas primeiras faixas, você já fica curioso para saber o que acontecerá. No meio do disco, você se percebe completamente à vontade com o pop inteligente de Stela. E, quando chega a última música, bate aquela vontade de colocar o disco todo para tocar de novo.
"Fim de Semana" é o segundo CD de Stela e o primeiro a ser lançado pela gravadora independente Outros Discos, que aproveita para lançar também o trabalho de estréia da cantora, "Céu de Brigadeiro", de 1999, remasterizado.
Stela é paulistana, foi líder da banda indie Lara Hanouska, tocou com o Funziona Senza Vapore -grupo que reuniu três dos ex-integrantes do cult Fellini no começo dos anos 90 e que também terá seu CD lançado pela Outros Discos- e morou durante seis anos no Recife, onde participou da gestação do movimento Manguebit, com Chico Science e Fred 04.
"Fui por acaso para o Recife. Um amigo trabalhava lá, fui passar umas férias e acabei me envolvendo com a cena. Toquei nos primórdios do Abril Pro Rock e cantei na trilha do filme "Baile Perfumado"."
Ainda morando na cidade, Stela gravou seu primeiro disco solo, que já indicava o caminho seguido por "Fim de Semana": letras sensíveis, guitarras com timbres únicos e arranjos que reúnem elementos acústicos, elétricos e eletrônicos.
Com o seu trabalho solo, Stela conseguiu a liberdade que não tinha nos tempos de banda. "Hoje componho as músicas e faço os arranjos todos no computador. Tenho controle sobre tudo", conta.
Essas bases, geralmente compostas no teclado e na guitarra e depois trabalhadas no computador, são o ponto de partida para a colaboração de outros músicos.
E não são participações burocráticas. Em "Céu de Brigadeiro", os beats e samples de Loop B e a guitarra única de Adriano Leão ajudam a criar uma sonoridade sem paralelos na música pop brasileira. Já em "Fim de Semana", Stela repete a parceria com Adriano Leão, mas convoca ainda músicos como o baterista Eder "O" Rocha, do Mestre Ambrósio, o trompetista Marcos Bowie, do Karnak, DJ Dolores e Camila Bomfim, que toca um baixo acústico sublime.
As letras são um caso à parte, principalmente em "Fim de Semana". Quase todas foram compostas ou por Stela ou por Luciano Buarque e tratam basicamente da cidade. "Quando a gente começou a compor, já sabia que iria fazer uma coisa mais urbana, falando do universo do trabalho, mas em forma de crônica", diz. Isso fica bem evidente em "Isabela", que lembra Lou Reed.
Na próxima quinta (27/6), às 22h, Stela lança "Fim de Semana" em São Paulo com um show no Café Concerto Uranus (r. Dr. Carvalho de Mendonça, 40, tel. 0/xx/11/3822-2801). Quem for poderá ver o videoclipe de "Te Pego na Estação" em primeira mão.


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