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MÚSICA
Brasileiros cantam em inglês versões dance de hard rock dos
anos 70 e 80; ao Folhateen, eles falam sobre o sucesso curto
Cópia descartável
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles se escondem atrás de batidas eletrônicas, nomes que podem ser de
qualquer nacionalidade e versões de
músicas de hard rock dos anos 70 e 80.
Confinados nas FMs, os rostos desses brasileiros (sim, eles são daqui) só começam a
aparecer agora, mas essas imagens correm
o risco de ser tão descartáveis quanto a música que eles cantam: o dance comercial.
Gisele Abramoff, 27, é Dalimas; Drico
Mello, 30, é Daytona. Juntos eles são responsáveis por algumas versões que infestam boa parte da programação das rádios
paulistanas que se dedicam ao dance pop.
É pela voz de Dalimas que produtores
transformaram em dance "Livin" on a Prayer", música de 1986 do grupo de hard rock
Bon Jovi; Daytona levou um clássico do
Kiss de 1975, "Rock and Roll All Nite", para
as pistas. Repertório para show de uma hora eles ainda não têm, mas isso deve mudar
em poucos meses, pois ambos estão prestes
a gravar seus discos pela Building Records,
gravadora especializada em "poperô".
"Acredito que a minha música será descartável, mas quero reverter isso com o disco, que será mais pop. Acho que isso poderá trazer longevidade", explica Drico, que
também é diretor de videoclipes de Capital
Inicial, Supla e Negritude Jr.
"Também tenho uma banda de hardcore,
chamada Wax, e quando isso pintou eu
disse que não queria aparecer, mas vi que o
trabalho era sério. Quero fazer uma carreira. A própria gravadora disse que isso era
descartável, que o pessoal compra sua música uma vez e depois nunca mais. Quero
tentar de verdade. Já tenho 22 shows confirmados", afirma Drico.
Mais ingênua talvez seja a visão de Gisele,
a Dalimas, sobre a efemeridade desse tipo
de dance comercial. "São tantas as músicas
boas produzidas no mundo inteiro que as
pessoas vão se cansando. Mas, se são músicas muito fortes, elas marcam. Não sei se
pode chamar de descartável, mas de alta rotatividade. As rádios sempre estão procurando músicas novas", afirma.
Gisele é cantora desde os 16 anos, já gravou músicas para novelas da Globo e tentou uma vaga nos "reality shows" "Fama" e
"Popstars", mas não foi classificada. "Fiquei meio tristinha. Um amigo da gravadora Som Livre me indicou para o pessoal da
Building. Escutaram as músicas que eu tinha gravado para as novelas e propuseram
que eu fizesse um single. Foi quando gravei
"Angel", de Sarah McLachlan; depois gravei
"Dreams", que é de minha composição; e
veio a idéia de gravar "Livin" on a Prayer",
que sabíamos que seria um hit."
A cantora, que define seu estilo como
"trance comercial com vocal", acha que
ajuda os adolescentes que lotam seus shows
a se informarem sobre músicas que ela
mesma dançava nos seus 15 anos. "Não sei
se os adolescentes hoje em dia conhecem
essa música. Sei que muitos não conheciam
a música do Bon Jovi; não era da geração
deles. Só depois souberam que era versão.
Ficou mais marcada do que a original."
Para os discos de estréia, ambos prometem mais versões, portanto prepare-se.
"Vou gravar agora uma versão para "Come
on Feel the Noise" [1983], do Quiet Riot, e já
está na rádio "We're Not Gonna Take It"
[1984], do Twisted Sisters", conta Drico.
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