São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2005

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MÚSICA

Brasileiros cantam em inglês versões dance de hard rock dos anos 70 e 80; ao Folhateen, eles falam sobre o sucesso curto

Cópia descartável

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles se escondem atrás de batidas eletrônicas, nomes que podem ser de qualquer nacionalidade e versões de músicas de hard rock dos anos 70 e 80. Confinados nas FMs, os rostos desses brasileiros (sim, eles são daqui) só começam a aparecer agora, mas essas imagens correm o risco de ser tão descartáveis quanto a música que eles cantam: o dance comercial.
Gisele Abramoff, 27, é Dalimas; Drico Mello, 30, é Daytona. Juntos eles são responsáveis por algumas versões que infestam boa parte da programação das rádios paulistanas que se dedicam ao dance pop.
É pela voz de Dalimas que produtores transformaram em dance "Livin" on a Prayer", música de 1986 do grupo de hard rock Bon Jovi; Daytona levou um clássico do Kiss de 1975, "Rock and Roll All Nite", para as pistas. Repertório para show de uma hora eles ainda não têm, mas isso deve mudar em poucos meses, pois ambos estão prestes a gravar seus discos pela Building Records, gravadora especializada em "poperô".
"Acredito que a minha música será descartável, mas quero reverter isso com o disco, que será mais pop. Acho que isso poderá trazer longevidade", explica Drico, que também é diretor de videoclipes de Capital Inicial, Supla e Negritude Jr.
"Também tenho uma banda de hardcore, chamada Wax, e quando isso pintou eu disse que não queria aparecer, mas vi que o trabalho era sério. Quero fazer uma carreira. A própria gravadora disse que isso era descartável, que o pessoal compra sua música uma vez e depois nunca mais. Quero tentar de verdade. Já tenho 22 shows confirmados", afirma Drico.
Mais ingênua talvez seja a visão de Gisele, a Dalimas, sobre a efemeridade desse tipo de dance comercial. "São tantas as músicas boas produzidas no mundo inteiro que as pessoas vão se cansando. Mas, se são músicas muito fortes, elas marcam. Não sei se pode chamar de descartável, mas de alta rotatividade. As rádios sempre estão procurando músicas novas", afirma.
Gisele é cantora desde os 16 anos, já gravou músicas para novelas da Globo e tentou uma vaga nos "reality shows" "Fama" e "Popstars", mas não foi classificada. "Fiquei meio tristinha. Um amigo da gravadora Som Livre me indicou para o pessoal da Building. Escutaram as músicas que eu tinha gravado para as novelas e propuseram que eu fizesse um single. Foi quando gravei "Angel", de Sarah McLachlan; depois gravei "Dreams", que é de minha composição; e veio a idéia de gravar "Livin" on a Prayer", que sabíamos que seria um hit."
A cantora, que define seu estilo como "trance comercial com vocal", acha que ajuda os adolescentes que lotam seus shows a se informarem sobre músicas que ela mesma dançava nos seus 15 anos. "Não sei se os adolescentes hoje em dia conhecem essa música. Sei que muitos não conheciam a música do Bon Jovi; não era da geração deles. Só depois souberam que era versão. Ficou mais marcada do que a original."
Para os discos de estréia, ambos prometem mais versões, portanto prepare-se. "Vou gravar agora uma versão para "Come on Feel the Noise" [1983], do Quiet Riot, e já está na rádio "We're Not Gonna Take It" [1984], do Twisted Sisters", conta Drico.


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