São Paulo, Segunda-feira, 26 de Abril de 1999
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CARTAS

Drogas, guerra, axé music e rock'n'roll estão entre os temas comentados nas mensagens dos leitores

Zero para Milosevic
""Uma coisa é ser contra o "imperialismo". Outra coisa é apoiar tudo quanto for louco e sem escrúpulos, em favor de uma causa dos países pobres. Nota zero para Milosevic, Sadan etc."
José Mascarenhas de Moraes, 23 (São Paulo, SP)

""E a nossa violência?"
""É muito fácil dizer que a Otan está errando quando bombardeia a Iugoslávia. Mas esqueceram de dizer o que estava acontecendo dentro da Iugoslávia. Um genocídio absurdo. Nós estamos aqui, do outro lado do mundo e de mãos atadas. Tanto a Iugoslávia quanto a Otan estão erradas. Temos de tirar uma lição de tudo isso: todo esse racismo, esse xenofobismo, não levam a nada. Esse é o resultado de atitudes que são muito radicais. A Iugoslávia está destruída, e pessoas inocentes estão pagando porque existe gente ignorante no governo. Pena que a ignorância não está só no outro lado do mundo. Todos nós estamos fechando os olhos para a nossa guerra diária: a seca, as crianças abandonadas, a violência, o desemprego.
De onde veio essa preocupação com a Iugoslávia?! Olhem pela janela, nós também estamos vivendo uma guerra. E a violência contra o nosso povo? O que está acontecendo com os sérvios e albaneses é ridículo. Mas e os africanos? E o resto do mundo? E nós? Paz."
Otávia Monaco, 15 (São Paulo, SP)

Viva o axé!
""Curto rock, reggae e pop de montão, mas não dá para entender o motivo de tanta crítica contra o axé, um dos ritmos mais dançantes e contagiantes do Brasil. Essa minoria que critica deve gostar ou deve ter muita inveja do sucesso que os grupos de axé vêm obtendo.
Creio que, se esse pessoal tivesse a oportunidade de passar um Carnaval na Bahia, voltaria com uma idéia totalmente diferente."
Tarcio Nascimento, 18 (São Paulo, SP)

""Gabba Gabba Hey"
""E aí, pessoal? Leio o Folhateen toda semana e gostaria muito de pedir reportagens especiais sobre o punk rock. Principalmente uma matéria sobre os reis do punk rock: os Ramones. Talvez, com essa reportagem, boyzinhos que passam gel colorido no cabelo e saem por aí se achando verdadeiros punks aprendam um pouco mais sobre a banda que foi responsável pela criação desse estilo de som.
"Gabba Gabba Hey" para todos!!!"
Renato Oliveira (São Paulo, SP)

Turma da pesada
""Se você não suporta samba, pagode, rap ou sertanejo, e prefere um bom hard/heavy, então me escreva. Vamos falar sobre o mundo metálico. Só para aquecer os motores: em janeiro de 2000, no Rock in Rio, o Bon Jovi retorna ao Brasil com o Metallica como banda de abertura. Peso e romantismo num dia só. Meu endereço: r. P-5, 355, Vila Paulista, CEP 13506-860, Rio Claro, SP."
Ana Elisa Magalhães, 15 (Rio Claro, SP)

Desabafo
""Tinha de demonstrar minha indignação. Um monte de gente morrendo, crianças órfãs, gente sem casa. Eu não sei se os Estados Unidos me dão aversão ou raiva mortal. Eles querem tudo para si e se acham melhor do que todos? O que fazemos? Por mim, cortávamos relações, mas, pelo FHC, calamos a boca e fechamos os olhos, afinal temos uma dívida com os donos do mundo. Eles acham que um míssil se desviar do caminho não faz mal, porque vai matar "apenas" algumas vidas, e de gente sem importância, seres humanos iguais a mim e a você."
Natália Pereira, 13 (Jacareí, SP)

Garotos do mercado
""Entendo perfeitamente que os meios de comunicação devem oferecer opções para todos os gostos e atender às necessidades do mercado. Exatamente por isso a MTV pôs na roda um especial cujo nome já diz tudo: "Meninos Bonitos".
Os milhões de discos vendidos por figuras como New Kids on the Block, Menudo, Spice Girls e Backstreet Boys são perfeitamente explicáveis em meio à cultura decadente, materialista e descartável na qual estamos mergulhados. A atual falta de talento e criatividade ultrapassa a fronteira das "boy-lands" ou "girl-lands", chegando a muitas bandas ou artistas que são tratados como se fossem superiores a essas figuras (leia-se Mariah Carey, Celine Dion)."
Ana Luiza Daltro(São Paulo, SP)

Longe das drogas
""Li a reportagem sobre a estudante Paloma Klisys (edição de 19/4), que é quase da minha idade. Queria falar para ela que curti muito a sua idéia. Também tenho amigos que fumam e às vezes me encrenco com eles porque queimo a fita deles falando que isso não vale a pena. Meu namorado estava nessa, ele ainda não fumava pedra, mas curtia uma maconha e um pó (cocaína). Antes de a gente ficar junto, ele cheirava muito. Ele fica falando que me colocou no lugar do pó, como se me procurasse sempre que pinta a vontade de cheirar. Agora ele está fora, não fuma mais. Fico feliz porque, pelo menos, eu consegui ajudar, mas também fico triste porque há amigos meus que usam, e por eles eu não consigo fazer nada. Às vezes peço a Deus para guardá-los quando saem para pegar a "fita", mas é como a Paloma falou: "Como falar para eles não se destruírem, se a todo lugar que vamos o mundo está se destruindo?" Muitos dizem que fazem isso para ficar feliz.
Para mim, ficar feliz desse jeito não vale a pena. Tenho 17 anos, acho que não entrei nessa por ver que a pessoa que eu amava estava se destruindo com essa droga. Muitos caras acham que sou uma babaca por tentar tirar meus colegas dessa, mas para mim não importa o que os outros dizem. Só importa o que eu penso.
Muitas pessoas vivem falando para meus pais me impedirem de andar com meus amigos. Dizem que quem anda com maconheiro... Às vezes fico pensando que, se todo mundo ajudasse de uma maneira qualquer que fosse, tudo poderia mudar. Se pudesse, eu não teria ajudado só o meu namorado, mas a todos os colegas.
Gostaria que todos pensassem assim e, em vez de preconceito, tivessem um pouquinho de consciência e percebessem que a discriminação não é a melhor maneira de ajudar um viciado!
Paloma, parabéns e desejo que algum dia o mundo mude. Se precisar de alguma ajuda, pode pedir, mesmo sem conhecer você vou lhe ajudar porque também já perdi muitos amigos com essa droga."
Kell-Anne Oliveira, 17 (Ibiraci, MG)

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