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SEXO E SAÚDE
"Tenho 20 e sou um cara feliz. Sou gay, não
tenho problemas com
isso, faço grandes
amizades, saio e curto
muito a vida. Mas há
algo que me perturba:
no ato sexual, travo
com a menor possibilidade de contrair o vírus da Aids. O que há
de errado comigo?"
Segurança deve conviver com o prazer
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
Nos últimos 20 anos, todo mundo se viu obrigado a conviver com a existência da Aids.
No Brasil, mais de 200 mil pessoas tiveram o
diagnóstico do HIV, e as autoridades estimam
que 600 mil pessoas já foram contaminadas. A
maioria delas nem sabe disso.
Muita informação rolou por conta da epidemia. Fomos obrigados a falar de sexualidade,
de sexo seguro, de uso da camisinha e de prevenção de maneira aberta. Sem esse esforço, o
impacto causado pelo HIV poderia ter sido
muito maior.
Mas muita gente (como você) ficou assustada com toda essa informação e acabou adquirindo um medo exagerado de contrair a doença. Muitos se preocupam tanto que até deixaram de fazer sexo. E é óbvio que essa preocupação exagerada acaba dificultando a vida.
As formas de transmissão são hoje bem conhecidas e as pessoas têm noção de como se
cuidar. Você já deve estar careca de saber que
beijo não transmite Aids e que sexo com proteção também não transmite a doença.
Sem proteção, existe o risco de se contaminar
tanto em uma relação heterossexual como em
uma relação homossexual. Algumas pesquisas, no mundo todo, mostram que houve uma
redução do medo de se contaminar pela Aids
em diversos grupos, inclusive no grupo de gays
jovens. Os especialistas acham que, por não terem passado pela fase mais crítica da doença,
muitos desses jovens não enxergam tanto risco
no sexo. Esse é um grande erro. Todo mundo
precisa se cuidar da mesma forma.
Se, de um lado, ninguém deve vacilar e abandonar a camisinha, de outro, não adianta viver
em um estado de paranóia permanente e não
conseguir ter uma vida afetiva e sexual saudável. Você é um cara jovem, feliz, bem resolvido,
então chegou a hora de entender que está exagerando um pouco em sua preocupação.
Preocupado desse jeito, fica difícil relaxar,
curtir a pessoa de quem você gosta, namorar e
transar. Parece que você está sempre com a
corda no pescoço. E, com a corda no pescoço,
ninguém consegue viver bem.
Informação você já tem. Agora, se reconhece
que está com dificuldades, é hora de tentar reverter a situação. Se não conseguir dar conta
do recado sozinho,
seria boa idéia dividir
essas suas angústias
com um médico ou
com um terapeuta.
Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvida sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
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