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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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SEXO E SAÚDE

"Tenho 20 e sou um cara feliz. Sou gay, não tenho problemas com isso, faço grandes amizades, saio e curto muito a vida. Mas há algo que me perturba: no ato sexual, travo com a menor possibilidade de contrair o vírus da Aids. O que há de errado comigo?"

Segurança deve conviver com o prazer

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Nos últimos 20 anos, todo mundo se viu obrigado a conviver com a existência da Aids. No Brasil, mais de 200 mil pessoas tiveram o diagnóstico do HIV, e as autoridades estimam que 600 mil pessoas já foram contaminadas. A maioria delas nem sabe disso.
Muita informação rolou por conta da epidemia. Fomos obrigados a falar de sexualidade, de sexo seguro, de uso da camisinha e de prevenção de maneira aberta. Sem esse esforço, o impacto causado pelo HIV poderia ter sido muito maior.
Mas muita gente (como você) ficou assustada com toda essa informação e acabou adquirindo um medo exagerado de contrair a doença. Muitos se preocupam tanto que até deixaram de fazer sexo. E é óbvio que essa preocupação exagerada acaba dificultando a vida.
As formas de transmissão são hoje bem conhecidas e as pessoas têm noção de como se cuidar. Você já deve estar careca de saber que beijo não transmite Aids e que sexo com proteção também não transmite a doença.
Sem proteção, existe o risco de se contaminar tanto em uma relação heterossexual como em uma relação homossexual. Algumas pesquisas, no mundo todo, mostram que houve uma redução do medo de se contaminar pela Aids em diversos grupos, inclusive no grupo de gays jovens. Os especialistas acham que, por não terem passado pela fase mais crítica da doença, muitos desses jovens não enxergam tanto risco no sexo. Esse é um grande erro. Todo mundo precisa se cuidar da mesma forma.
Se, de um lado, ninguém deve vacilar e abandonar a camisinha, de outro, não adianta viver em um estado de paranóia permanente e não conseguir ter uma vida afetiva e sexual saudável. Você é um cara jovem, feliz, bem resolvido, então chegou a hora de entender que está exagerando um pouco em sua preocupação.
Preocupado desse jeito, fica difícil relaxar, curtir a pessoa de quem você gosta, namorar e transar. Parece que você está sempre com a corda no pescoço. E, com a corda no pescoço, ninguém consegue viver bem.
Informação você já tem. Agora, se reconhece que está com dificuldades, é hora de tentar reverter a situação. Se não conseguir dar conta do recado sozinho, seria boa idéia dividir essas suas angústias com um médico ou com um terapeuta.


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvida sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br

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