LUCRECIA ZAPPI

DA REPORTAGEM LOCAL

No sábado a Folhinha serviu de divã para as crianças contarem traumas e glórias de ter um irmão mais velho. Hoje, o Folhateen conta o que pensam os teens a respeito de seus irmãos pimpolhos. Eles entregam como é conviver com esses figurinhas que querem copiá-los nas roupas, nas músicas e até sair com os mesmos amigos.
Isabela Oliveira, 13, conta que a relação com a irmã, Luisa, três anos mais nova, é quase um mar de rosas. "A gente tem personalidades diferentes, minha irmã é mais agitada e eu sou mais tímida. A gente se dá bem", diz.
"Mas ela me imita muito. Quando eu me visto, ela tenta ficar igual. "Se você vai de calça jeans, então eu também vou'", diz Isabela, imitando a voz infantil da irmã.
"Sem contar a bagunça que faz para chamar a atenção", continua Isabela. Mas dormir no mesmo quarto não significa só contemplar o furacão tagarela lançando toalhas molhadas sobre a cama.
Segundo Isabela, elas têm, por exemplo, dividido a televisão que fica na frente do beliche porque Luisa está deixando de assistir a desenhos animados e acompanha a mesma programação da irmã maior: "Assim a gente vê TV juntas. É legal", diz.
Fora do quarto, a mania de querer ser igual continua. Isabela diz que Luisa quer sair com suas amigas e participar de todas as conversas. "Ela tenta se enturmar. A gente até divide os CDs, mas quando ela pede para eu dividir meus segredos com ela, eu não falo tudo porque ela pode contar para nossos pais, tipo de quem eu gosto. E eu tenho vergonha", diz Isabela.
Mesmo que você se proteja para evitar que seu irmão tome conta de seus segredos, ele sempre vai cercar seu bunker com muitas perguntas.
"Ele fica perguntando coisas o tempo todo ou falando outras que eu já sei. Geralmente não tenho tempo ou não estou com saco. Até quando ele não consegue passar de uma fase no videogame, ele vem me perguntar", diz Daniel Barzilay, 17, sobre seu irmão, Alan, 10.
Luisa Mello de Vasconcellos Pinto, 12, conta que sua irmã, Lorena, de 10 anos, também chega a ser "irritante" pela quantidade de perguntas que faz. "E também quer ter os mesmos amigos que eu. Ela é legal, mas me imita um pouco."
Para Andréa Barbosa, 7, só imitar não é o suficiente. Quando consegue, ela se transforma no alter ego da irmã, Luana, 12, ao freqüentar seu MSN. "Ela entra escondido e manda recados como se fosse eu, dizendo "eu gosto de você", além de mandar beijinhos para todo o mundo", conta Luana.
Segundo Luana, Andréa ainda se apodera de seu celular para passar trote. "Ela xereta nas minhas coisas para descobrir de quem eu gosto e tenta abrir meu diário, mas eu o tranco."
"Eu me dou bem com ela, ela é minha companheira e me faz rir, mas a gente briga às vezes quando ela pega uma coisa minha, como relógio ou CDs. Ela nunca perdeu nada meu, mas adora pegar minhas coisas só para me provocar", diz Luana.
Segundo os teens, os irmãos menores podem até ser fofos e engraçados, mas o que falta a eles, segundo Luana, é um "se mancol". "Ela faz tudo para chamar a atenção, como tocar bateria enquanto eu estudo. Agora que eu estou no telefone ela fica me batendo, enquanto falo com você", suspira.
Luisa conta que Lorena tenta manter a linha na frente das amigas, mas, de repente, desliza. "Ela é bem legal, simpática. Mas aí ela se empolga e faz coisas idiotas como, por exemplo, arrotar. Ou diz que tudo o que tem é melhor que minhas coisas."
Isabela também diz que sua irmã tenta competir com ela. "Acho que é normal. A gente sempre quer ter o que os outros têm. Só porque eu tenho MSN ela quis ter um. Celular também. Mas alguma hora ela vai crescer e firmar mais a personalidade. Daí ela vai parar de me imitar", diz Isabela.
"Se eu pudesse escolher, continuaria sendo a irmã mais velha. Só assim posso ensinar para ela algumas coisas, seja sobre a vida, seja sobre a escola. Eu nunca fiz a lição dela, mas sempre ajudo. Querer ser a irmã mais velha só para mandar não é uma coisa boa, mas alguém tem que acabar mandando, né?", diz Isabela.


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