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NEGÓCIOS DA CHINA
Jovens orientais e latino-americanos disputam seu espaço no apertado mercado de trabalho brasileiro
Mercado persa
Tuca Vieira/Folha Imagem
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O chileno Miguel Reyes, 23, que vive no Brasil há cinco anos e trabalha para uma seguradora |
RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL
Vinte e poucos anos, em busca de novas oportunidades, de repente, vem a idéia de ir trabalhar em um
outro país. Mas qual? Fácil: o Brasil.
Após esse susto que você tomou, é bom saber que há
outros povos que vêem no Brasil um negócio da China.
Como os chineses, por exemplo.
Quem leu algum jornal nos últimos cinco anos deve
saber que a China está em ascensão no mercado internacional, após abrir suas fronteiras para o comércio
mundial. Então, qual o motivo de eles estarem vindo
para cá? Wing Zhun, 25, diz que é porque no Brasil se
gasta menos dinheiro. "Lá só se ganha o de comer",
completa. Vivendo no Brasil há dois anos, ele trabalha
no comércio de relógios em uma das centenas de barracas da r. 25 de Março, no centro de São Paulo.
Da mesma opinião é a chinesa Kim ("só Kim mesmo"), 23, que está aqui há seis anos. "Os brasileiros são
meio preguiçosos, não querem trabalhar aos domingos", reclama Kim, trocando os erres pelos eles. Ela é
balconista em um pequeno estande, como a maioria
dos novos imigrantes chineses que estão no Brasil.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Andrew Tang, o governo chinês desenvolve a política de encorajar o empreendedorismo de
seus jovens em terras estrangeiras.
Só que eles nunca vêm sozinhos. Os imigrantes do
Oriente só aparecem por aqui depois que alguém da família já abriu o terreno. E, de forma geral, vivem isolados em suas comunidades.
A língua é o principal obstáculo, o qual eles quase
sempre não conseguem vencer. A maioria só aprende o
mínimo de português para usar no comércio. Essa dificuldade tornou comum a utilização de pequenos dicionários, que servem como guias, onde se encontra o nome das mercadorias em português e em chinês e o valor
correspondente. Outra situação curiosa pela qual passam os jovens imigrantes chineses é o rebatismo. Como
seus nomes são de difícil entendimento para os brasileiros, eles escolhem nomes "populares" na nova terra.
"Alex" Chang, 21, por exemplo, foi rebatizado bem na
frente da reportagem do Folhateen. Ganhou seu novo
nome de uma colega de trabalho numa lojinha de equipamentos fotográficos.
Vizinhos
Além dos músicos de países andinos que se apaixonaram pelas praças de grandes cidades de todo o Brasil, alguns de nossos vizinhos latino-americanos se encantaram com o modo de viver dos brasileiros e decidiram
tentar a vida por aqui. É o caso do chileno Miguel Reyes,
23, que vive no Brasil há cinco anos e que trabalha na
área técnica de uma seguradora. Ele afirma que desde
pequeno se fascinou com a língua portuguesa e que no
Brasil se sente mais à vontade que no Chile.
"Há coisas na mentalidade chilena que me chateiam.
Eu percebi que minha personalidade não batia com a
dos chilenos", afirma Reyes. E comprova, já que foi no
Brasil onde ele encontrou sua mulher. Hoje, sobre o Chile, ele diz: "Só penso em ir para lá fazer passeios".
O chileno foi um dos muitos imigrantes a se beneficiar
da anistia concedida, em 1998, pelo governo federal às
pessoas que estavam clandestinas no país. "Fiquei ilegal
só por uma semana", lembra.
Outro que também gostou de cara do que encontrou
aqui foi o colombiano Diego Rios, 24, que chegou ao
Brasil há um ano e meio. Ele veio trabalhar em um projeto de sua faculdade de economia em parceria com a
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"Achei muito interessante como o Brasil funciona",
afirma. O que mais chamou sua atenção foi a empatia
imediata com as pessoas. "Elas me trataram muito bem.
Acho até que consegui coisas de modo mais fácil por ser
estrangeiro." Ele lembra que, quando chegou, não falava
nada de português, e os brasileiros sempre davam um
jeitinho para ajudá-lo. Agora, é Rios quem dá aulas, de
espanhol, enquanto acaba a faculdade de economia.
Mas pensa em retornar à Colômbia. "Pretendo aprender
mais aqui, ganhar experiência e depois voltar para lá."
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