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São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

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Orientais se misturam pouco e se divertem entre quatro paredes

DA REPORTAGEM LOCAL

Você sai por aí à noite, vai ao cinema, depois vai jantar e completa se jogando em alguma pista de dança. Quantos coreanos ou chineses você viu no meio do caminho? Quase nenhum, provavelmente.
Apesar de serem comunidades numerosas -segundo dados do último Censo, a soma de imigrantes desses dois países que vivem em São Paulo ultrapassa 10 mil- , os novos orientais preferem se manter o máximo de tempo possível juntos.
Motivos para isso, eles apresentam vários: primeiro, o desconhecimento do português, depois, a falta de segurança pública no país. A chinesa Xisa Liqin, 25, diz gostar muito do povo brasileiro e achar todo mundo gente boa, mas não sabe se gosta do Brasil: "É que eu só trabalho", afirma. Ela não sai para passear porque acha as ruas muito perigosas. Prefere gastar seu tempo livre dormindo.
Atitude semelhante é a da também chinesa "Karina" Chang, 23, que acha os brasileiros legais, mas tem medo de que lhe passem a perna. "Aqui tem muitos ladrões", afirma. Para se divertir, ela gosta de ficar em casa vendo filmes chineses.
"Ronaldo" Ye, 24, também da China, considera as pessoas legais, mas tem medo de sair, por isso se diverte em casa mesmo, jogando baralho, navegando na internet ou assistindo ao programa "Cidade Alerta", da Rede Record, seu favorito.

Olhos abertos
A chinesa de Taiwan "Evelyn" Wu, 28, que chegou ao Brasil aos 17, lembra que desde o começo sempre teve amigos brasileiros. Ela gosta de sair com eles e diz ter muita raiva de quem fala mal do Brasil. "Para não ser enganada, é só manter os olhos abertos", diz "Evelyn". Ela gosta de sair com os amigos, alguns deles taiwaneses também. "Eu não escolhi morar no Brasil? Então, por que vou viver isolada?"
O argentino Ernesto Perez (nome fictício), 23, vai além. "Não voltaria para a Argentina justamente porque as pessoas daqui são melhores. É uma questão de pele", diz ele, que mora no Brasil há um ano. Perez veio para o Brasil "em busca de um grande amor", chegou a se casar, mas já está separado e, por isso, em situação ilegal. Mas aparenta não ter medo e diz ainda ficar impressionado com a forma pouco individualista como os brasileiros levam a vida. (RL)

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