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Tiozinho desvenda lado B da vida
DE NOVA YORK
As acusações que fazem ao diretor e fotógrafo Larry
Clark vão de voyeur (a mais amena) a pedófilo (a
mais grave). Seus livros estão proibidos nos EUA, mas
as edições japonesas são disputadas, se não a tapas, pelo
menos a cliques no mouse em sites de leilão.
Sua ousadia nos puritanos Estados Unidos é ser o único tiozinho que entende tanto os complicados e cada
vez mais radicais adolescentes norte-americanos a ponto de não ter vergonha de andar de skate com eles e de
ter a coragem de tratá-los como iguais.
É verdade. O caipira de Tulsa, Oklahoma, 59 anos, cabelo grisalho e rabo-de-cavalo, gosta de levar seu skate
para a Washington Square, em Nova York, e ficar com a
molecada até tarde conversando. "Às vezes fumamos
um, às vezes não", disse à imprensa britânica.
É daí e de conviver com dois filhos adolescentes que
ele tira as idéias para filmes como "Kids" (1995), "Kids e
os Profissionais" (1997), "Bully" (2001) e o ainda inédito
"Ken Park". "Kids", aliás, foi escrito por dois ex-skatistas que Clark conheceu na rua, Harmony Corine e Leo
Fitzpatrick, que acabou virando uma espécie de alter
ego de Clark nas telas.
Claro, seus filmes têm muito sexo adolescente e muita
droga. Porque a vida das pessoas que ele retrata tem
muito sexo adolescente e muita droga. Só isso já garantiria polêmica para mais de década. Acontece que Larry
Clark não facilita as coisas para o seu lado.
Outra mania sua é fotografar garotos, tanto faz se homens ou mulheres, nus ou em poses sensuais. Todos
maiores de 18 anos, claro. É este o tema de seus livros esgotados, "Tulsa" (de garotos) e "Teenager Lust" (ambos os sexos). Em algumas sessões, no entanto, Clark tira a roupa ele próprio e entra em cena, fumando um baseado e posando peladão com seus modelos. Até agora,
só os pais reclamaram...
(SD)
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