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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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Britney, Iggy e uma facada no peito

Julie Jacobson - 28.ago.03/Associated Press
Britney e Madonna se beijam na entrega do VMA da MTV em Nova York


ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Britney Spears, 21, não fala coisa com coisa.
"E precisa?", você pode perguntar. "Já não bastam as outras qualidades?"
A resposta, claro, é que Britney não precisa falar coisa com coisa, não precisa se candidatar ao Prêmio Nobel de Física, nem ser convidada para dar aula de hidrodinâmica no ITA.
Ela tem um conjunto de outras qualidades que, eufemisticamente, podemos chamar de "carisma". E isso, do ponto de vista do "showbiz", basta.
É gostosa, ambiciosa, esperta nos negócios e muito bem gerenciada. Receita de sucesso.
Bom, dito isso, vale ressalvar que, mesmo assim, mesmo que se admita que ela não precisa demonstrar um mínimo de cultura ou de inteligência, ainda assim suas declarações são chocantes pela pobreza mental.
Britney está na capa da edição de novembro da revista americana "Esquire". O destaque numa publicação tão prestigiosa é o coroamento da atual fase "adulta" da jovem artista. E, já que esse é o clima, a revista tentou fazer uma entrevista "adulta" com ela. Tentou.
Mal dá para acreditar na reportagem. Basicamente, Britney passa o tempo todo negando que sua carreira se baseie no apelo sexual. Ela até se vangloria de, supostamente, resistir às pressões da gravadora para transformá-la numa "coisa sexual". Como diz o autor do texto, Chuck Klosterman, ou Britney vive em outra galáxia e não tem a menor noção do que está falando, ou, ao contrário, ela tem os pés totalmente no chão, sabe muito bem o que diz e, nesse caso, os trouxas somos nós.
As fotos da Britney estão em www.esquire. com. Dê uma olhada e confira que não, de jeito nenhum, nem em sonho, nem pensar nessa história de que ela explora a "coisa sexual".
 
Nada como ser uma publicação de prestígio internacional e conseguir que celebridades paguem um mico para você.
É o que acontece na edição de outubro da revista inglesa "Mojo", em que Jack White, dos White Stripes, entrevista a lenda Iggy Pop.
A entrevista é uma bobagem, mas as fotos ficaram bacanas... Tem até uma do Iggy pegando por trás o Jack, que faz cara de prazer.
Jack: "Iggy, quando você era mais novo, qual era sua noção de Deus?"
Iggy: "Jack, minha principal noção de Deus era que eu podia tomar algum tipo de droga e dizer: "Nosssssaaaa'!"
 
O cantor e compositor Elliott Smith apareceu morto em sua casa em Los Angeles, na semana passada.
Tinha 34 anos. A causa mortis foi uma facada no peito "autoinfligida", na linguagem técnica dos legistas. Ou seja, suicídio.
Quem me apresentou a obra de Smith foi o guitarrista Michael Belfer, da lendária banda punk californiana Sleepers. Michael achava Elliott Smith um supergênio sem o reconhecimento merecido. Nunca é tarde para conhecer suas canções.


Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br



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