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02 NEURÔNIO
Problemas de língua
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTAS DA FOLHA
Depois de uma pesquisa informal entre nossos amigos (principalmente
as amigas), chegamos à conclusão que
as pessoas, em geral, têm problemas
em lidar com as PALAVRAS que se referem a relacionamentos amorosos.
Os psicanalistas teriam muito a dizer
sobre isso. Mas, como não somos psicanalistas -só meras charlatãs-, resolvemos apenas expor o resultado de
nossas pesquisas.
Mulheres que ficam muito tempo solteiras têm dificuldade, quando começam a namorar, de chamar o rapaz de
"meu namorado" (sim, fizemos uma
coluna recentemente sobre o tema,
mas a verdade é que também temos
problemas com o termo). Depois do
advento da maravilhosa gíria "pretê"
-patenteada pelo 02 Neurônio Império das Comunicações LTDA-
, conseguimos chamar um namorado de "o meu pretê" por
muito tempo. Até que somos
repreendidas e assumimos que
ele é "o namorado".
Já os homens, depois de uma
semana de namoro, começam a
chamar suas namoradas de
"minha mulher". A namorada do amigo é a "sua mulher", e eles adoram falar
no plural, tipo "as nossas mulheres".
Mas, quando eles vão se referir ao namorado de uma amiga, preferem dizer
"o namorado da fulana". Nunca dizem
"o homem da fulana". E, cá entre nós,
achamos o pronome possessivo "minha" associado ao substantivo "mulher" uma coisa meio machista. Apesar
de gostarmos de sermos chamadas de
"minha mulher" quando estamos realmente apaixonadas.
Se nós, mulheres problemáticas, temos dificuldade de chamar alguém de
namorado, quando a coisa se transforma em casamento, fica ainda mais grave. Mulheres podem passar anos chamando seus maridos e esposos de "o
meu namorado". Conhecemos uma
que ficou casada seis anos e nunca chamou o cônjuge de marido! Achamos
muito anos 70, sei lá!
Algumas, no entanto, aprenderam
que as palavrinhas "o meu marido" podem ser de grande utilidade. Para fugir
de operadores de telemarketing. "Tenho de falar com meu marido" é uma
desculpa que convence qualquer ser
humano. (Pessoas legais estão excluídas de serem consideradas seres humanos, neste caso.)
Mulheres não gostam de falar que
têm marido. Mas amam falar que têm
"ex-maridos". É algo muito bacana,
que dá status, você passa por experiente e não por uma solteira perdida na vida.
Noivo. Ih!!!!!!!! Temos uma espécie de
implicância profunda por pessoas que
se referem a namorados como "meu
noivo". Temos praticamente alergia a
essa denominação. Temos também
alergia a pessoas que falam "enxoval".
Sim, somos preconceituosas. Mas, pelo
menos, fazemos análise.
Agora, uma coisa que gostaríamos
muito de falar (apesar de ser um pouco
mórbido) é que somos viúvas! Não
agora, claro, porque seria um pouco
trágico demais. Viúva é uma coisa, assim, chique. Tá, a gente surtou. Mas será que um dia ainda vamos poder falar:
"Eu sou viúva"?!
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