LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Pessoalmente, não nutro maiores simpatias pelo mundo da propaganda. Nunca me imaginei trabalhando com as palavras, os sons e as imagens para fazer os outros comprarem coisas, ainda mais aquelas de que não necessitam, mas que consomem, muita vezes, pela propaganda mesmo, que tem grande poder de persuasão. Especialmente quando ela associa objetos a desejos em doses que nos deixam sem raciocínio, como compradores de ilusão.
Mas isso não me impede de considerar o universo da propaganda como algo relevante e até interessante, conforme o olhar. Quantas vezes já aconteceu de eu deparar com uma peça publicitária antiga, do meu tempo de garoto, e ter uma espécie de saudade? Vai ver que a saudade era da idade, e não da propaganda. Mas, num certo ponto, as coisas se fundem em nossa memória.
Quer uma prova? Dê uma olhada no livro "Incomodada Ficava a Sua Avó", de Lula Vieira, que traz por subtítulo "Anúncios que Marcaram Época e Curiosidades da Propaganda". O autor é do ramo, vive disso há décadas e, aqui, faz uma coleta de histórias que ficaram na memória das pessoas. No conjunto, o livro é apenas um álbum de imagens e frases a elas associadas, sem nenhuma reflexão consistente. Mas é um documento histórico que vale a pena.