PJ Harvey presta tributo ao radialista mais importante da música pop mundial, o inglês John Peel, morto há pouco mais de dois anos, aos 65

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A cantora inglesa PJ Harvey ficava nervosa quando tocava no programa de rádio de John Peel

"A opinião de John importava para mim. Mais do que eu poderia admitir, por medo do constrangimento dos dois lados. Mas eu sempre procurava a sua aprovação. Era importante. Cada Peel Session que fiz, fiz para ele. Foi com muito amor que eu escolhi estas canções, em sua memória. Um jeito de dizer "obrigado" mais uma vez. Obrigado, John."
No encarte de seu novo álbum, PJ Harvey justifica assim seu tributo ao radialista mais importante para a música pop mundial, o querido John Peel, morto em 26 de outubro de 2004 após sofrer um ataque cardíaco enquanto passava férias no Peru com a mulher.
A participação dessa musa do rock inglês no programa do radialista na BBC aparece em "The Peel Sessions 1991 - 2004", com sessões gravadas em 1991, 1993, 1996 e 2000 -e uma música-homenagem póstuma, chamada "You Come Through", de 2004.
O peso que era tocar na frente do homem que lançou bandas clássicas como o Pink Floyd fica claro (leia texto sobre John Peel na página seguinte). E PJ parece dedicada de corpo e principalmente alma para fazer ao vivo versões maravilhosas de algumas de suas melhores faixas até então.
Principalmente na primeira sessão, há 15 anos, quando ela ainda nem havia lançado a sua estréia arrasadora, "Dry", de 1992. Então, ela tocou pela primeira vez em cadeia nacional as porradas cheias de emoção "Oh My Lover", "Victory" e as clássicas "Sheele-Na-Gig" e "Water", em que o rock cru e sem rodeios predominava em um momento em que roqueiras talentosas quase não existiam.
O próprio John Peel ficou tão bem impressionado com a garota de lábios grossos, boca larga, voz potente e letras melancólicas que incluiu, em 1997, o disco "Dry" na lista de seus 20 álbuns prediletos de todos os tempos (veja a lista ao lado).
Nas Peel Sessions seguintes, PJ já aparece mais segura. Afinal, já havia garantido o seu posto de influência no rock de saias, algo que pode ser sentido ainda hoje, em gente como a badalada Karen O, do trio americano Yeah Yeah Yeahs.
No passado, mais precisamente nos anos 80, as Peel Sessions eram lançadas em discos de vinil de quatro faixas, algo que foi abandonado com o surgimento dos CDs.
PJ ajuda assim a manter viva a memória de John Peel e a sua busca pela nova música. Que esse lançamento siga de exemplo para que outros felizardos que tiveram a chance de tocar para John Peel reúnam um dia suas apresentações em CD.
(LEANDRO FORTINO)