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comportamento
Verdurada
Festival punk hardcore reúne
straight edgers,tribo urbana de rebeldes
com (boas) causas que defendem a saúde
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Estão lá cabeças tatuadas, raspadas, coloridas, trocentos
piercings e tachas,
músicas raivosas e
mensagens de contracultura -
um "tudo-ao-mesmo-tempo-agora" de um autêntico evento
punk hardcore. Mas, antes de
pensar em piração e violência
-em associação à velha cena
punk-, é bom se situar: trata-se da Verdurada, festival realizado quatro vezes por ano em
São Paulo desde 1996, dirigido
a adeptos do straight edge, ou
"sXe" - vertente punk livre de
drogas, álcool e cigarros e simpatizante do vegetarianismo.
A formação de um pensamento crítico rege a programação da Verdurada, que mistura
shows, palestras e exposições
de temas políticos, culturais,
ecológicos e o que mais seja
eleito como relevante.
Como rejeitam o consumo
massificado e seguem o conceito "faça-você-mesmo", os organizadores vetam a participação
de empresas e patrocinadores e
põem à venda, para beber, água
e suco de soja; alimentos, só vegetarianos. Soa insosso?
Que nada, muito saboroso,
por incrível que pareça. Na última edição, ocorrida no fim de
semana passado, no galpão de
uma escola no bairro do Jabaquara, houve shows de bandas
nacionais e estrangeiras, além
de palestras sobre nutrição e
trabalho escravo na atualidade.
Para um leigo, uma das cenas
mais inusitadas se revela no intervalo dos shows. O espaço, totalmente lotado nas apresentações (ensurdecedoras) das bandas, segue abarrotado nas palestras, só que com o público todo sentado no chão, calado e atento. Chocante.
Saúde
"É interessante ver tanta
gente unida em torno da mesma causa, preocupada em ter
uma boa saúde e que não liga
para álcool nem cigarro", diz
Adam Becker, 19, baixista da
banda sXe norte-americana
Defect Defect.
"Venho desde 98 e acho um
privilégio divulgar nossa música aqui", diz Mariano Punga,
28, vocalista sXe da argentina
Vieja Escuela.
A punk Fernanda, 19, diz que
a linha punk straight edge não é
raridade. "A mídia faz uma imagem estereotipada. Há gangues
que são punk só no rótulo, mas
são alienados e homofóbicos
que gostam de bater nos outros.
Aqui, todos têm consciência
política e postura igualitária e
antipreconceituosa."
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