São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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comportamento

Verdurada

Festival punk hardcore reúne straight edgers,tribo urbana de rebeldes com (boas) causas que defendem a saúde

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estão lá cabeças tatuadas, raspadas, coloridas, trocentos piercings e tachas, músicas raivosas e mensagens de contracultura - um "tudo-ao-mesmo-tempo-agora" de um autêntico evento punk hardcore. Mas, antes de pensar em piração e violência -em associação à velha cena punk-, é bom se situar: trata-se da Verdurada, festival realizado quatro vezes por ano em São Paulo desde 1996, dirigido a adeptos do straight edge, ou "sXe" - vertente punk livre de drogas, álcool e cigarros e simpatizante do vegetarianismo.
A formação de um pensamento crítico rege a programação da Verdurada, que mistura shows, palestras e exposições de temas políticos, culturais, ecológicos e o que mais seja eleito como relevante.
Como rejeitam o consumo massificado e seguem o conceito "faça-você-mesmo", os organizadores vetam a participação de empresas e patrocinadores e põem à venda, para beber, água e suco de soja; alimentos, só vegetarianos. Soa insosso?
Que nada, muito saboroso, por incrível que pareça. Na última edição, ocorrida no fim de semana passado, no galpão de uma escola no bairro do Jabaquara, houve shows de bandas nacionais e estrangeiras, além de palestras sobre nutrição e trabalho escravo na atualidade.
Para um leigo, uma das cenas mais inusitadas se revela no intervalo dos shows. O espaço, totalmente lotado nas apresentações (ensurdecedoras) das bandas, segue abarrotado nas palestras, só que com o público todo sentado no chão, calado e atento. Chocante.

Saúde
"É interessante ver tanta gente unida em torno da mesma causa, preocupada em ter uma boa saúde e que não liga para álcool nem cigarro", diz Adam Becker, 19, baixista da banda sXe norte-americana Defect Defect.
"Venho desde 98 e acho um privilégio divulgar nossa música aqui", diz Mariano Punga, 28, vocalista sXe da argentina Vieja Escuela.
A punk Fernanda, 19, diz que a linha punk straight edge não é raridade. "A mídia faz uma imagem estereotipada. Há gangues que são punk só no rótulo, mas são alienados e homofóbicos que gostam de bater nos outros. Aqui, todos têm consciência política e postura igualitária e antipreconceituosa."


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