São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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As máquinas secretas

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Não me pergunte como, mas fui parar em um show da banda Secret Machines, na semana passada, no clube Troubadour, em Los Angeles (EUA).
As circunstâncias ainda são obscuras. Lembro de quase 48 horas sem dormir, a trabalho, de passar em frente ao Troubadour, de receber a informação de que os ingressos estavam esgotados, de alguém me DANDO um ingresso sei lá por quê. Lembro também de ter visto um dos melhores shows de minha vida.
Quem acompanha a imprensa musical gringa sabe que está na hora do trio texano Secret Machines, hoje vivendo em Nova York. Eu tinha ouvido superficialmente o álbum, "Now Here is Nowhere", sem me entusiasmar com o clima psicodélico semelhante ao do Spaceman 3 (grupo dos anos 80 de onde saiu o Jason Pierce, que depois fundou o Spiritualized).
Mas ver as máquinas secretas ao vivo mudou minha opinião.
Para começar, um pouco de clima. O Troubador é um dos tantos clubes"indie" dos EUA. Cabem 300 pessoas, no máximo, em um ambiente meio tosco mas com infra-estrutura decente de som, espaço, bar etc.
A divisão entre palco e platéia quase não existe. Nos Secret Machines, o baterista fica de lado, à esquerda de quem olha para o palco. No centro, o guitarrista, que também canta. Também de lado, no canto direito, posiciona-se o cara que toca teclado (um piano elétrico Fender/Rhodes detonado), canta e faz os vocais.
A bateria, pilotada por Josh Garza, é de uma ferocidade aguda. Em um tipo de som climático e repetitivo, sem grande espaço para a melodia, tem papel fundamental. O vocalista tem timbre igual ao do cantor do Supertramp (sem sacanagem...). A guitarra é puro "drone", muro elétrico à moda do My Bloody Valentine.
O show dura uma hora. A banda (além de Josh, os irmãos Brandon e Ben Curtis) não troca nenhuma palavra com o público, não agradece nem dá bis. No final, uma menina à minha frente dá um grito que resume o estado da platéia diante daquele massacre: "Unbeliavable!".
Foi mesmo inacreditável.
 
E já que o assunto é L.A., lembramos da Indie 103 (www.indie1031fm.com), a melhor rádio da cidade. Em "Escuta Aqui", você ouve falar da Indie 103 faz tempo. Agora, é destaque também na revista "Rolling Stone", que enche de elogios a programação ousada (só novidades e clássicos dos anos 80 para a frente).
Álvaro Pereira Júnior, 41, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo. E-mail: cby2k@uol.com.br.

CD PLAYER

PLAY - 97 X de volta!
A rádio superlegal 97X (www.woxy.com), que tinha acabado, está de volta, agora transmitindo só pela internet. Dois ouvintes ricos doaram grana para a 97X voltar. Pode escutar que é beleza.

EJECT - Amoeba Music
A melhor loja do mundo não tinha o disco da sensacional banda de L.A. The Like. OK, OK, não tinha esse mas tinha outros 12.387.345.921 discos... É que estava difícil arrumar "eject'" esta semana...

PAUSE - "Louden Up Now", !!!
O amigo Paulo César Martin avisa: desconfie de grupos com mais de seis integrantes. É o caso do !!! (pronuncia-se tchic tchic tchic), banda eletrônica de rock (ou rock eletrônico). O álbum tem só uma música ótima, "Pardon My Freedom"


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