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As máquinas secretas
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Não me pergunte como, mas
fui parar em um show da banda
Secret Machines, na semana passada, no clube Troubadour, em
Los Angeles (EUA).
As circunstâncias ainda são
obscuras. Lembro de quase 48
horas sem dormir, a trabalho, de
passar em frente ao Troubadour,
de receber a informação de que os
ingressos estavam esgotados, de
alguém me DANDO um ingresso
sei lá por quê. Lembro também
de ter visto um dos melhores
shows de minha vida.
Quem acompanha a imprensa
musical gringa sabe que está na
hora do trio texano Secret Machines, hoje vivendo em Nova York.
Eu tinha ouvido superficialmente
o álbum, "Now Here is Nowhere",
sem me entusiasmar com o clima
psicodélico semelhante ao do
Spaceman 3 (grupo dos anos 80
de onde saiu o Jason Pierce, que
depois fundou o Spiritualized).
Mas ver as máquinas secretas
ao vivo mudou minha opinião.
Para começar, um pouco de
clima. O Troubador é um dos
tantos clubes"indie" dos EUA.
Cabem 300 pessoas, no máximo,
em um ambiente meio tosco mas
com infra-estrutura decente de
som, espaço, bar etc.
A divisão entre palco e platéia
quase não existe. Nos Secret Machines, o baterista fica de lado, à
esquerda de quem olha para o
palco. No centro, o guitarrista,
que também canta. Também de
lado, no canto direito, posiciona-se o cara que toca teclado (um
piano elétrico Fender/Rhodes detonado), canta e faz os vocais.
A bateria, pilotada por Josh
Garza, é de uma ferocidade aguda. Em um tipo de som climático
e repetitivo, sem grande espaço
para a melodia, tem papel fundamental. O vocalista tem timbre
igual ao do cantor do Supertramp
(sem sacanagem...). A guitarra é
puro "drone", muro elétrico à
moda do My Bloody Valentine.
O show dura uma hora. A banda (além de Josh, os irmãos Brandon e Ben Curtis) não troca nenhuma palavra com o público,
não agradece nem dá bis. No final, uma menina à minha frente
dá um grito que resume o estado
da platéia diante daquele massacre: "Unbeliavable!".
Foi mesmo inacreditável.
E já que o assunto é L.A., lembramos da Indie 103 (www.indie1031fm.com), a melhor rádio
da cidade. Em "Escuta Aqui", você ouve falar da Indie 103 faz tempo. Agora, é destaque também na
revista "Rolling Stone", que enche
de elogios a programação ousada
(só novidades e clássicos dos anos
80 para a frente).
Álvaro Pereira Júnior, 41, é
editor-chefe do "Fantástico" em
São Paulo. E-mail:
cby2k@uol.com.br.
CD PLAYER
PLAY - 97 X de volta!
A rádio superlegal 97X
(www.woxy.com), que tinha acabado, está de volta, agora transmitindo só pela internet. Dois ouvintes ricos doaram grana para a
97X voltar. Pode escutar que é beleza.
EJECT - Amoeba Music
A melhor loja do mundo não
tinha o disco da sensacional banda de L.A. The Like. OK, OK, não
tinha esse mas tinha outros
12.387.345.921 discos... É que estava difícil arrumar "eject'" esta semana...
PAUSE - "Louden Up Now", !!!
O amigo Paulo César Martin avisa: desconfie de grupos com mais de seis integrantes. É o caso do !!! (pronuncia-se tchic tchic tchic), banda eletrônica de rock (ou rock eletrônico). O álbum tem só uma música ótima, "Pardon My Freedom"
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