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Aventureiros adolescentes colocam fator idade em cheque
DE SÃO PAULO
Um garoto de 13 anos chega ao pico do Everest e, 8.850
metros abaixo, uma menina
quase morre ao tentar dar a
volta ao mundo sozinha em
um barco, aos 16 anos.
As notícias, concentradas
em apenas um mês, foram o
suficiente para disparar uma
série de questões a respeito
dos perigos dessas empreitadas na adolescência.
A questão é abrangente e
envolve diversas áreas: legal,
médica e psicológica.
O ponto mais polêmico é o
legal. Segundo o presidente
da Comissão da Criança e do
Adolescente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Ricardo Cabezon, ao expor os filhos a perigos, os
pais podem perder sua guarda. "O critério da lei é etário,
e não psicobiológico."
Para o promotor de Justiça
da infância e juventude Thales Cezar de Oliveira, esse
conceito é relativo.
"Há também um risco muito grande em deixar um jovem ir sozinho à escola ou à
balada. E ninguém vai processar um pai por isso", diz.
As áreas médica e psicológica pegam mais leve.
Para Karina Oliani, médica
e montanhista, não há evidências biológicas de que jovens corram mais riscos que
adultos ao escalar uma montanha. "A falta de oxigênio é
maléfica a todos", diz.
Miguel de Arruda, vice-
diretor da Faculdade de Educação Física da Unicamp,
concorda. "Nesse caso, o preparo físico é mais importante
do que a idade."
Uma ressalva é a feita por
Manoel Morgado, pediatra e
guia de montanhismo. "O
problema é tomar uma decisão errada e arriscar a vida."
Maturidade é a preocupação de Miguel Perosa, da psicologia da PUC-SP. Para ele,
enquanto esse fator foi amenizado no caso de Jordan,
que estava com o pai, ele foi
potencializado no caso de
Abby, a velejadora. "Ela estava só e tinha de tomar decisões complicadas."
(DB)
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