|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCUTA AQUI
Revista inglesa escolhe as cem melhores canções de todos os tempos
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
O que faz uma boa canção? Ou melhor, quem é capaz
de fazer uma boa canção? Com a palavra, Paul
McCartney: "Pode-se aprender qualquer coisa, mas os
grandes compositores têm algo mais do que o simples
aprendizado (...) Eles tiram do nada um acorde, uma linha melódica, uma letra. E isso é impossível ensinar".
O velho Macca deu essa declaração no último número
da revista inglesa "Mojo", que pesquisou entre críticos e
artistas para escolher as cem melhores canções de todos
os tempos. Entenda-se, aí, canções no sentido estrito,
que inclui Burt Bacharach, por exemplo, mas deixa de
fora grupos de punk rock.
É a canção tratada como ofício, tendo como fim último a perfeição. O que acaba destacando trabalhos individuais, ou no máximo em dupla. Do tipo que desbasta,
faz polimento, até chegar à obra final. Em meio à lista de
melhores, frases da maioria dos compositores confirmam a impressão de McCartney. Dizem que escrevem
principalmente com base na intuição e preferem não se
aprofundar muito em música, para fugir de fórmulas.
O chamado rock de guitarras não teve muita vez na
relação da "Mojo". O hino dos anos 90, "Smells Like
Teen Spirit", do Nirvana, amargou um modesto 94º lugar. Mas canções simples, para tocar no rádio, foram
valorizadas. "Baby One More Time", composição de
Max Martin que faz sucesso com Britney Spears, foi
uma das raríssimas músicas recentes citada, em 97º.
Não há quase nada que não seja inglês, canadense ou
americano. De menções ao Brasil, só uma, a faixa "Love
Dance", de Ivan Lins (!), escolhida por Rod Temperton,
compositor, entre outras, de "Thriller", para Michael
Jackson, e "Give Me The Night", para George Benson.
Só que a música do brasileiro não recebeu outros votos
e ficou fora da lista final de cem.
Algumas preferidas de "Escuta Aqui" estão lá, como
"Sweet Jane" (Lou Reed, em 48º lugar), "There is A
Light that Never Goes Out" (Morrissey e Johnny Marr,
25º), "Moon River" (Henry Mancini e Johnny Mercer,
17º) e "God Only Knows" (Brian Wilson e Tony Asher,
13º). A número dois é "Satisfaction", de Mick Jagger e
Keith Richards, um dos poucos rocks escancarados e
fazer parte da relação.
A número um? "In My Life", de John Lennon e Paul
McCartney. Você, jovem leitor, talvez não conheça. Está
no álbum "Rubber Soul", de 1965. Procure, escute. Depois a gente conversa.
Álvaro Pereira Júnior, 37, é jornalista e mora em San Francisco. E-mail: cby2k@uol.com.br
Texto Anterior: Notas Próximo Texto: Gringas Índice
|