São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCUTA AQUI
Revista inglesa escolhe as cem melhores canções de todos os tempos

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

O que faz uma boa canção? Ou melhor, quem é capaz de fazer uma boa canção? Com a palavra, Paul McCartney: "Pode-se aprender qualquer coisa, mas os grandes compositores têm algo mais do que o simples aprendizado (...) Eles tiram do nada um acorde, uma linha melódica, uma letra. E isso é impossível ensinar".
O velho Macca deu essa declaração no último número da revista inglesa "Mojo", que pesquisou entre críticos e artistas para escolher as cem melhores canções de todos os tempos. Entenda-se, aí, canções no sentido estrito, que inclui Burt Bacharach, por exemplo, mas deixa de fora grupos de punk rock.
É a canção tratada como ofício, tendo como fim último a perfeição. O que acaba destacando trabalhos individuais, ou no máximo em dupla. Do tipo que desbasta, faz polimento, até chegar à obra final. Em meio à lista de melhores, frases da maioria dos compositores confirmam a impressão de McCartney. Dizem que escrevem principalmente com base na intuição e preferem não se aprofundar muito em música, para fugir de fórmulas.
O chamado rock de guitarras não teve muita vez na relação da "Mojo". O hino dos anos 90, "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, amargou um modesto 94º lugar. Mas canções simples, para tocar no rádio, foram valorizadas. "Baby One More Time", composição de Max Martin que faz sucesso com Britney Spears, foi uma das raríssimas músicas recentes citada, em 97º.
Não há quase nada que não seja inglês, canadense ou americano. De menções ao Brasil, só uma, a faixa "Love Dance", de Ivan Lins (!), escolhida por Rod Temperton, compositor, entre outras, de "Thriller", para Michael Jackson, e "Give Me The Night", para George Benson. Só que a música do brasileiro não recebeu outros votos e ficou fora da lista final de cem.
Algumas preferidas de "Escuta Aqui" estão lá, como "Sweet Jane" (Lou Reed, em 48º lugar), "There is A Light that Never Goes Out" (Morrissey e Johnny Marr, 25º), "Moon River" (Henry Mancini e Johnny Mercer, 17º) e "God Only Knows" (Brian Wilson e Tony Asher, 13º). A número dois é "Satisfaction", de Mick Jagger e Keith Richards, um dos poucos rocks escancarados e fazer parte da relação.
A número um? "In My Life", de John Lennon e Paul McCartney. Você, jovem leitor, talvez não conheça. Está no álbum "Rubber Soul", de 1965. Procure, escute. Depois a gente conversa.



Álvaro Pereira Júnior, 37, é jornalista e mora em San Francisco. E-mail: cby2k@uol.com.br



Texto Anterior: Notas
Próximo Texto: Gringas
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.