LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Quantas vezes você já ouviu que o Brasil vive de costas para a América Latina? Pois em todas elas era verdade. Nosso país, o único desta parte do planeta a praticar a língua portuguesa (e não a espanhola), nasceu, cresceu e se desenvolveu perto da praia, olhando para a Europa e tratando de se integrar ao circuito atlântico. O resultado é que mal-e-mal conhecemos o outro lado, o lado de dentro.
É uma pena. Sem ter intimidade com os países próximos, a gente acaba por não conhecer quase nada deles.
Uma iniciativa para melhorar esse panorama está em curso com a coleção "Coedición Latinoamericana", editada em 11 países. Agora saiu o volume "Amor em Tom Maior", com 15 contos relativos ao tema do título, com personagens jovens inventados por autores de 15 países, da Argentina a Cuba, do Brasil ao Chile.
O autor mais antigo é um clássico mexicano e mundial, Juan Rulfo, que divide as páginas com escritores conhecidos só por especialistas, como o argentino Mempo Giardinelli e o sensível peruano Alfredo Bryce Echenique. A iniciativa não muda o mundo, mas ajuda e nos proporciona boa leitura.