São Paulo, Segunda-feira, 29 de Março de 1999
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esporte
Longboarders invadem as ladeiras

ARTURO QUERZOLI
free-lance para a Folha

Uma legião de surfistas tem invadido as ruas asfaltadas das metrópoles do país. Em vez de descer ondas com uma prancha sob os pés, eles deslizam no asfalto sobre o longboard.
Com shapes (plataforma do skate) longos e rodas e eixos maiores e mais maleáveis do que os skates normais, os praticantes do longboard -ou long- conseguem alcançar velocidades acima de 80 km/h nas ladeiras da cidade. "É diversão pura", diz César Bragança Girão, 37, skatista há 26 anos e editor da revista "Tribo Skate". "No longboard, ao contrário do skate normal, ninguém precisa se preocupar com manobras difíceis ou obstáculos intransponíveis, apenas com o prazer que a velocidade proporciona", acrescenta.
Por ser muito mais simples do que o skate convencional e proporcionar movimentos parecidos com os de uma prancha de surfe, o long acabou sendo descoberto pelos surfistas como uma alternativa para os dias sem ondas ou sem praia. E as vendas decolaram. "A saída de skate longboard aumentou muito no verão, quando as ondas no litoral são menores e menos frequentes", diz Mário Massari, da loja Surfer's Paradise.
O fotógrafo Rodrigo Sodré, 23, é surfista e começou a andar de long para sentir um pouco das emoções do surfe quando fica na cidade. "Os movimentos do long, com curvas cavadas e "slides" (derrapadas), são tão parecidos com o surfe que minhas manobras evoluíram na água depois da prática", diz.
Apesar de os surfistas terem descoberto o longboard recentemente, os skatistas já dominam esse esporte há muito tempo. Os profissionais Sérgio "Yuppie" de Melo, 24, Willians "Índio" de Souza, 28, e Marco Aurélio Ubaldo, 30, encararam o longboard no início como diversão. Hoje competem em provas oficiais e estão entre os melhores do país. Além de vitórias, os feras do skate colecionam aventuras.
Índio já alcançou 90 km/h descendo a estrada que liga a praia Mole à Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC). Yuppie atinge velocidade semelhante em descidas no Pico do Jaraguá e na estrada Rio-Santos. Adrenalina à parte, eles advertem sobre os riscos da emoção: "É mais fácil aprender a andar de longboard do que de skate normal, mas é preciso começar em descidas curtas, sempre com área de escape e sem trânsito", diz Marcos. O uso de capacete, joelheira, cotoveleira e luvas é indispensável, já que o maior defeito do longboard, dizem os profissionais, é a dificuldade de parar durante a descida.

Points em SP: pça. Paulo Jorge de Lima (Morumbi), pça. Abelardo Rocas (Sumaré), av. dos Eucaliptos (Osasco) e av. Bagiru (Boaçava). Onde comprar o long: na maioria das lojas de skate e surfe do país, de R$ 200 (nac.) a R$ 350 (imp.)


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