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Vagas exigem pouco e não oferecem quase nada
DA REPORTAGEM LOCAL
Quanto mais preparado o jovem está, mais facilmente ele consegue o seu primeiro emprego. Esse
é quase um dogma para quem lida com inserção no
mercado de trabalho, mas, na realidade, é uma proposta que divide especialistas.
Para o presidente executivo do CIEE (Centro de
Integração Empresa-Escola), Luiz Gonzaga Bertelli,
a educação é um fator-chave para garantir o ingresso
no mercado. "Cada vez mais as empresas exigem
dos jovens escolaridade e flexibilidade e, para isso,
eles têm de estar na escola", diz Bertelli. Ele também
afirma que, ao lado da educação formal, é preciso
construir um conhecimento maior, aprender línguas e computação e estar disposto a estudar continuamente pelo resto da vida.
Outro ponto que Bertelli destaca é que a própria
educação tem de mudar se quiser acompanhar as
novas tendências do mercado. "A universidade está
muito distante da realidade, ela precisa se atualizar
para tornar o jovem mais apto às exigências do trabalho de hoje."
O secretário do Trabalho e Emprego do Estado de
São Paulo, Fernando Leça, relativiza a questão da capacitação pela educação. "A qualificação profissional não garante a entrada no mercado de trabalho,
mas é um reforço importante."
Para dar esse reforço, o governo do Estado tem
dois programas específicos, um
voltado para a colocação profissional e outro de educação para a cidadania.
Marcio Pochmann, secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São
Paulo, nota que o grau de escolaridade do jovem de
hoje é bem maior do que o de dez anos atrás. Para
ele, em vez de fazer com que ele chegue mais cedo ao
mercado, seria melhor retardar a sua entrada.
Pochmann também diz que hoje a pressão sobre
aqueles que têm mais escolaridade é maior do que
sobre os que estudaram menos. "O perfil das ocupações abertas no Brasil tem mais a ver com gente de
menor escolaridade. Nos anos 90, de cada 100 vagas
abertas no Brasil, 23 - a maior quantidade de empregos abertos- são para emprego doméstico. Em
segundo lugar, vêm as vagas de vendedor ambulante
e, depois, as de segurança pública ou privada. São
vagas que não precisam de alta qualificação", diz.
Por outro lado, é preciso alertar que o destino dos
jovens que não investem nos estudos é, na maior
parte das vezes, a economia informal, com empregos sem estabilidade, sem carteira assinada e sem direitos como 13º e férias remuneradas. Pressionados
pela necessidade de colocar dinheiro em casa, eles
largam a escola e passam a fazer bicos nas ruas. Basta
uma volta pelo centro de São Paulo para notar que a
maioria dos vendedores ambulantes e dos distribuidores de propagandas são jovens de baixa escolaridade, sem perspectiva de ascensão.
(GW)
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