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ESTANTE
Palavras que têm a capacidade de decifrar os sentimentos
Nossa aproximação em relação
aos mistérios da poesia em geral
começa sem que percebamos. Em
casa ou na escola, nós nos damos
conta de que as palavras podem servir para outras coisas além do óbvio, podem brilhar sozinhas, ficar
cintilando na nossa mente à toa ou
então podem ser ajuntadas de modos surpreendentes para dizer coisas já sabidas de um jeito inesperado. É a poesia que chegou.
Mas nem todo mundo tem paciência para seguir seu rastro. Às vezes, a pessoa não tem tempo ou tem
uma sensibilidade meio endurecida
em razão da dureza da vida. E aí já
era, acabou, porque a poesia precisa
de atenção -poesia é uma das coisas mais frágeis que há.
É algo que se faz com palavras
reunidas num agrupamento que é
de uma fragilidade assustadora e,
por isso, depende do leitor para
existir. Mesmo quando o poeta é
grande, ele só existe se o leitor puser
à disposição seu gentil olho e sua insubstituível sensibilidade para
acontecer a mágica que se chama
poesia.
E olha que toda essa defesa eu fiz
só para dizer que há uma bela antologia do mestre absoluto Fernando
Pessoa na praça. (Não é a minha seleção, mas é competente, apesar da
cara simples demais.) Clássicos que
a gente deve começar a ler na adolescência. Poemas para ler dez, 30
vezes, até gastar o sentimento e redescobri-lo intacto, ou melhor, renovado, ao fim das contas.
E-mail:
fischerl@uol.com.br
"Melhores Poemas"
Autor: Fernando Pessoa
Seleção: Teresa Rita Lopes
Editora: Global
Quanto: R$ 21
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