São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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ESTANTE

Palavras que têm a capacidade de decifrar os sentimentos

Nossa aproximação em relação aos mistérios da poesia em geral começa sem que percebamos. Em casa ou na escola, nós nos damos conta de que as palavras podem servir para outras coisas além do óbvio, podem brilhar sozinhas, ficar cintilando na nossa mente à toa ou então podem ser ajuntadas de modos surpreendentes para dizer coisas já sabidas de um jeito inesperado. É a poesia que chegou.
Mas nem todo mundo tem paciência para seguir seu rastro. Às vezes, a pessoa não tem tempo ou tem uma sensibilidade meio endurecida em razão da dureza da vida. E aí já era, acabou, porque a poesia precisa de atenção -poesia é uma das coisas mais frágeis que há.
É algo que se faz com palavras reunidas num agrupamento que é de uma fragilidade assustadora e, por isso, depende do leitor para existir. Mesmo quando o poeta é grande, ele só existe se o leitor puser à disposição seu gentil olho e sua insubstituível sensibilidade para acontecer a mágica que se chama poesia.
E olha que toda essa defesa eu fiz só para dizer que há uma bela antologia do mestre absoluto Fernando Pessoa na praça. (Não é a minha seleção, mas é competente, apesar da cara simples demais.) Clássicos que a gente deve começar a ler na adolescência. Poemas para ler dez, 30 vezes, até gastar o sentimento e redescobri-lo intacto, ou melhor, renovado, ao fim das contas.

E-mail:
fischerl@uol.com.br



"Melhores Poemas"
Autor: Fernando Pessoa
Seleção: Teresa Rita Lopes
Editora: Global
Quanto: R$ 21



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