São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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FOLHATEEN EXPLICA

Estudo sugere que memória emocional varia entre os sexos

Mulheres e homens guardam lembranças de modo diferente

DA REDAÇÃO

Estava na cara. Qualquer garota sabe que os meninos têm clara dificuldade em lembrar coisas que para elas são inesquecíveis, como a roupa que ela vestia no dia em que se conheceram, a frase que disse antes do primeiro beijo ou o motivo da última briga. Mas o que parece desleixo ou desinteresse agora ganha uma explicação dada por cientistas -a justificativa perfeita que todo homem esperava.
Um estudo realizado na Universidade Stanford, na Califórnia (EUA), e publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "Pnas" (www.pnas.org), revelou que mulheres memorizam de forma diferente eventos de forte conteúdo emocional.
A equipe de Turhan Canli, responsável pela pesquisa, descobriu que homens e mulheres usam partes distintas do cérebro para arquivar memórias emocionais e que o cérebro feminino é mais bem equipado para acessar as informações desse "banco de sensações".
Isso explica uma constatação comum na vida das mulheres. Por exemplo, seu namorado pode não se lembrar de uma discussão grave que teve com você no mês passado, mas sua amiga, que nem estava lá, mas para quem você desfiou o rosário com toda a riqueza de sensações, consegue lembrar de detalhes.
Estudos anteriores já haviam admitido uma diferença significativa na maneira como o cérebro do homem e da mulher armazenam memória. O novo estudo, entretanto, sugere que tal disparidade não é resultado de treino ou prática, mas de uma diferença química inata na utilização dos circuitos neuronais do homem e da mulher.
Para chegar a tal conclusão, Canli e seus colegas usaram um rastreador cerebral para ver como 12 homens e 12 mulheres respondiam a um conjunto de cerca de cem fotografias, que abrangiam desde imagens sem nenhuma conotação emocional, como a de um hidrante de rua, às altamente emocionais, como a de corpos mutilados.
Com isso, descobriram que homem e mulheres ativam circuitos cerebrais diferentes para codificar tais estímulos. Enquanto as mulheres tendiam a usar áreas do hemisfério esquerdo do cérebro para memorizar as imagens, os homens utilizavam os dois hemisférios cerebrais.
Três semanas após a exposição às imagens, cada participante foi questionado sobre algumas daquelas que possuíam conteúdo emocional forte. E as mulheres se lembraram das imagens com mais facilidade.
"Mulheres se lembram de mais eventos autobiográficos emocionais do que homens, produzem memórias mais rápido ou com maior intensidade emocional e têm memórias mais vívidas do que seus parceiros em acontecimentos como o primeiro encontro, as últimas férias ou uma discussão recente", concluíram os cientistas.


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