|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCUTA AQUI
Conheça o karaokê mais punk do mundo
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Esqueça Leandro e Leonardo, Abba, Celine
Dion, Whitney Houston, Ivete Sangalo e
outros campeões do karaokê.
Agora é a vez de Dictators, Johnny Thunders, Clash, Sex Pistols, Dead Boys, X-Ray
Spex e outros nomes do rock descontrolado
tomarem a preferência dos aprendizes de
cantor.
Quer dizer, não em todos os karaokês do
mundo, mas pelo menos no que rola às quartas-feiras no bar Lounge Lizards. Fica em Decatur, bairro francês
de Nova Orleans (sul
dos EUA), onde "Escuta Aqui" passou
alguns dias da semana retrasada (na cidade, não no bar).
O mais legal é que
o acompanhamento
não é aquele som de
órgão furreca coreano. Os caras fazem tudo com banda ao vivo!
Guitarra e bateria -baixo não tinha, pelo
menos até a hora em que fui embora, porque
o trabalho começaria cedo no dia seguinte.
Olha só algumas músicas que estavam na
lista distribuída pelas meninas do bar (a menos tatuada tinha mais desenhos na pele do
que um tapete afegão): "Crazy Train", do Ozzy;
"Raw Power", dos Stooges; "Chinese Rock", dos
Ramones; "God Save the Queen", dos Sex Pistols,
e muito mais.
Eis aí uma idéia bacana para os bares de rock do
Brasil! Que tal copiar? Afinal, até os rockers gostam de karaokê.
Quer impressionar os chegados, conquistar garotas e agregar amizades facilmente? Então é só fazer aquela visita rápida ao site da bíblia da descolândia, a revista semanal "New York": www.new
yorkmetro.com.
Assunto de capa da última edição: "16 NYC
bands ready to hit it big", ou seja, "16 bandas de
Nova York prontas para se dar muito bem".
A lista é para deixar de queixo arrastando no asfalto mesmo o pior nerd obcecado por novidades
musicais. Porque só trata de coisas muito, muito
novas mesmo.
Vamos a alguns nomes,
ainda que isso não queira dizer muita coisa: Black Moustache, Brookville, Dopo Yume, The Fiery Furnaces, The
Flesh (grande nome!) e Sea
Ray. Está bom, ou quer mais?
Escrevo esta coluna quatro
dias antes de o Folhateen ser
publicado. É possível, portanto, que a capa da revista tenha
mudado até o dia de você ler
este texto. Mas aí é só entrar
no site da "New York" e botar
"16 NYC bands" no campo de
busca que você encontra a reportagem.
Falei bastante na coluna da
semana passada sobre o crítico inglês Ian MacDonald, autor de "The People's Music",
um novo e genial livro de
análises de rock. Faltou só dizer uma coisa: IMacD se matou no dia 8 de setembro passado, poucos dias depois de o
livro sair.
Segundo informações da
revista inglesa "Word", ele
sofria de depressão havia anos. Não
encontrava ninguém pessoalmente, só
se comunicava por telefone e por e-mail. Que os amigos soubessem, nunca teve um relacionamento
com nenhum
dos sexos. Ian
MacDonald tinha 55 anos.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
Texto Anterior: Protagonismo: Juventude na Câmara Próximo Texto: Brasas Índice
|