São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Música

O primeiro do Pink Floyd

Estréia da viajandona banda inglesa, lançada há quarenta anos, ganha edição em mono e em estéreo

PAULO RICARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Já se disse que o Radiohead é o Pink Floyd dos anos 90. Guardadas as devidas proporções, sou obrigado a concordar. Se não, vejamos: o Radiohead veio de uma turma de universitários de Oxford; no caso do Floyd, a cidade é Cambridge, onde Syd Barret, Dave Gilmour, Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason estudaram. As duas bandas são exemplos de um rock inteligente, alternativo e assombrosamente bem-sucedido. Mas as semelhanças não param por aí.
Com sua iniciativa pioneira de lançar seu novo trabalho, "In Rainbows", na rede, com o consumidor pagando quanto quiser, os creeps de Oxford seguem a picada aberta pelos floydianos no sentido de explorar ao máximo a tecnologia como uma forma de arte. Imagine o que isso significava em 1967.
Barret batizou a banda homenageando os bluseiros Pink Anderson e Floyd Council, e em 5 de agosto de 1967, eles lançaram seu primeiro álbum, "The Piper at the Gates of Dawn", que já explorava como ninguém as brincadeiras do então último grito, o estéreo!
A EMI relança este divisor de águas nas suas duas edições, mono e estéreo, uma instigante experiência de áudio da banda que nos traria ainda o sistema quadrifônico e praticamente inventaria o sampler na obra-prima "The Dark Side of the Moon", de 1973, que é considerado o "Sgt. Pepper's" dos anos 70. O que não é pouco...
O álbum abre com "Astronomy Domine", deixando claro qual era a viagem dos caras. "Lucifer Sam" tem um dos riffs mais bacanas desde o tema de Batman e mostra que a banda também sabia brincar de rock'n'roll. E entre títulos como "Take Up the Stethoscope and Walk", "Interstellar Overdrive" (ótimo!) e "The Gnome", o Floyd iniciava sua caminhada para se tornar uma das maiores bandas de todos os tempos.
Em fevereiro de 1968, Dave Gilmour se juntou ao grupo, e durante sete semanas ele e Barret, que já tinham tido um duo de folk, tocaram juntos no Pink Floyd, até que, encharcado em LSD, Syd deixou definitivamente a banda rumo à história.
Mas ainda podemos ouvir os ecos desse gaitista (the piper!), seja na obra instigante do Radiohead, nas raves, nas artes plásticas ou simplesmente... no seu iPod.


PAULO RICARDO, 44, foi jornalista musical nos anos 80, antes de se tornar astro de rock



THE PIPER AT THE GATES OF DAWN
Pink Floyd
www.pinkfloyd.com
Ouça: "Lucifer Sam"


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