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Música
O primeiro do Pink Floyd
Estréia da viajandona banda inglesa, lançada há quarenta anos, ganha edição em mono e em estéreo
PAULO RICARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Já se disse que o Radiohead é o Pink Floyd
dos anos 90. Guardadas as devidas proporções, sou obrigado a
concordar. Se não, vejamos: o
Radiohead veio de uma turma
de universitários de Oxford; no
caso do Floyd, a cidade é Cambridge, onde Syd Barret, Dave
Gilmour, Roger Waters, Rick
Wright e Nick Mason estudaram. As duas bandas são exemplos de um rock inteligente, alternativo e assombrosamente
bem-sucedido. Mas as semelhanças não param por aí.
Com sua iniciativa pioneira
de lançar seu novo trabalho,
"In Rainbows", na rede, com o
consumidor pagando quanto
quiser, os creeps de Oxford seguem a picada aberta pelos
floydianos no sentido de explorar ao máximo a tecnologia como uma forma de arte. Imagine
o que isso significava em 1967.
Barret batizou a banda homenageando os bluseiros Pink
Anderson e Floyd Council, e
em 5 de agosto de 1967, eles
lançaram seu primeiro álbum,
"The Piper at the Gates of
Dawn", que já explorava como
ninguém as brincadeiras do então último grito, o estéreo!
A EMI relança este divisor de
águas nas suas duas edições,
mono e estéreo, uma instigante
experiência de áudio da banda
que nos traria ainda o sistema
quadrifônico e praticamente
inventaria o sampler na obra-prima "The Dark Side of the
Moon", de 1973, que é considerado o "Sgt. Pepper's" dos anos
70. O que não é pouco...
O álbum abre com "Astronomy Domine", deixando claro
qual era a viagem dos caras.
"Lucifer Sam" tem um dos riffs
mais bacanas desde o tema de
Batman e mostra que a banda
também sabia brincar de
rock'n'roll. E entre títulos como "Take Up the Stethoscope
and Walk", "Interstellar Overdrive" (ótimo!) e "The Gnome",
o Floyd iniciava sua caminhada
para se tornar uma das maiores
bandas de todos os tempos.
Em fevereiro de 1968, Dave
Gilmour se juntou ao grupo, e
durante sete semanas ele e Barret, que já tinham tido um duo
de folk, tocaram juntos no Pink
Floyd, até que, encharcado em
LSD, Syd deixou definitivamente a banda rumo à história.
Mas ainda podemos ouvir os
ecos desse gaitista (the piper!),
seja na obra instigante do Radiohead, nas raves, nas artes
plásticas ou simplesmente... no
seu iPod.
PAULO RICARDO, 44, foi jornalista musical nos anos 80, antes de se tornar astro de rock
THE PIPER AT THE GATES OF DAWN
Pink Floyd
www.pinkfloyd.com
Ouça: "Lucifer Sam"
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