DANIEL POMPEU DE TOLEDO
free-lance para a Folha

Nem mesmo os integrantes dessa banda de Olinda (PE) algum dia imaginaram que se encontrariam gravando entre as mesmas quatro paredes onde já estiveram figuras como Mick Jagger e Steven Tyler. E mais: sob o comando de alguém que convive diariamente com o espírito de Jimi Hendirx.
O grupo pernambucano Eddie, que, desde 89, tocou em três das cinco edições do festival Abril Pro Rock, acaba de voltar de North Brookfield (Massachusetts), onde gravou seu primeiro álbum, ainda sem nome definitivo.
"Demorou para cair a ficha, era uma situação muito improvável", diz o percussionista Fred Eremita.
O CD será lançado em maio, pela gravadora Roadrunner, com produção do americano Tom Soares. Filho de portugueses, ele trabalha como engenheiro de som no Eletric Lady, em Nova York -antigo estúdio de Jimi Hendrix-, e assina a produção de 90% das bandas de hardcore nova-iorquinas, como Shelter e Sick of it All.
Mas o som do Eddie vai além das limitações do hardcore convencional: o grupo mistura, com muita personalidade, o punk de garagem de Stooges e Ramones com a elegância do Pixies, a ginga e a malícia de Jorge Ben e a sutileza dos arranjos da música jamaicana.
"Nunca ouvi nada parecido. É uma pena que não cantem em inglês. Acho que poderiam fazer sucesso nos EUA", diz Tom.
O estúdio escolhido pelo produtor foi o Long View Farm, por onde já passaram Rollling Stones, Aerosmith, Bad Brains e Living Colour. "Ficamos duas semanas morando no próprio estúdio, o que ajudou a manter a banda concentrada e bem à vontade. Nas horas vagas, nos divertíamos na neve", conta o vocalista e guitarrista Fábio Trummer.
Mas, como acontece na maioria dos casos em que a banda grava o primeiro disco, a escolha do produtor foi sugerida pela gravadora. "Por não ser brasileiro, ele não compreende as particularidades da música e do rock brasileiros. Apesar disso, respeitamos muito a sua experiência e ficamos satisfeitos com o resultado final", explica Trummer. Agora é conferir.



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