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Rindo dos clássicos
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ídolos também podem ser fãs. No caso
do novíssimo grupo americano Scissor
Sisters, eles seriam Bono, vocalista do
U2, o cantor Elton John, os integrantes do
B-52's e do Duran Duran e até David Gilmor e Roger Waters, os cabeças do Pink
Floyd, de quem a banda tomou emprestada
a letra do clássico "Comfortably Numb",
do disco "The Wall", para cantá-la em versão disco music, ao estilo do trio Bee Gees.
A cover bem-humorada e superoriginal
catapultou a banda do underground nova-iorquino para o mundo. Hoje, eles estão
terminando uma bem-sucedida turnê européia de divulgação do álbum de estréia,
"Scissor Sisters", que, além da versão, traz
músicas próprias com influências de Elton
John, Bee Gees e grupos de rock com teclado dos anos 70, como o Supertramp.
"A idéia de ter meus ídolos nos reconhecendo como bons artistas é incrível. Nós
entramos em um círculo fechado, em que
muitos grandes artistas têm nos procurado. É uma sensação ótima. Bono, do U2,
viu-nos em Nova York e veio ao backstage
conversar com a gente. Disse que nos adorou e nos convidou para abrir futuros
shows deles. O U2 é a maior banda de rock
do mundo e ouvir um elogio deles é muito
louco, principalmente porque eu ouvia o
U2 quando era garoto. Era fanático por
eles", contou o baterista Paddy Boom, em
entrevista ao Folhateen.
Paddy foi o último membro a integrar o
Scissor Sisters, banda liderada pelo vocalista Jake Shears e pelo baixista Babydaddy.
Completam o grupo o guitarrista Del Marquis e a vocalista performática Ana Mantronic, que fazia shows de cabaré.
A banda surgiu em meio à cena electroclash, que durante alguns meses agitou o
bairro do Brooklyn, em Nova York, de onde também saiu o grupo Fischerspooner,
atração do último festival Skol Beats.
"Hoje, até onde sei, a cena electroclash está morta em Nova York. Talvez ainda aconteça em outros lugares, mas não é mais assunto. Nunca foi um grande negócio, foi
um fenômeno por um minuto. Esse tipo de
estilo nunca emplaca de verdade. Nova
York é mais roqueira", afirma o baterista,
que já esteve no Brasil duas vezes: em 2001,
para o Carnaval de Salvador, e, em 2002,
quando desceu a América de moto, de Nova York até o Rio de Janeiro.
"Foi muito louco, diverti-me muito, mas
fiquei meio bravo, pois tive muitos problemas com a alfândega, que não queria liberar minha moto para que eu pudesse embarcá-la para Nova York. Mas queremos ir
ao Brasil. Tivemos umas duas oportunidades, mas não bateram com a nossa agenda.
Ofereceram-nos três dias no início de novembro, mas estamos com as datas tomadas", conta Paddy, sobre ter recusado o
convite para se apresentar no Tim Festival.
Sobre a versão de "Comfortably Numb",
do Pink Floyd, Paddy conta que a idéia surgiu do vocalista Jake. "Ele canta coisas que
saem da cabeça dele e teve essa idéia louca,
que virou um hit. Era o lado b de um single
e virou um sucesso. Roger Waters e David
Gilmour mandaram um representante ligar para nós para dizer que aprovaram a
versão, que queriam ir a nossos shows e pediram alguns discos nossos com a música."
Fuga do underground
Com letras inspiradas pelo submundo
nova-iorquino, o Scissor Sisters, nome que
significa uma posição sexual entre duas
mulheres, canta a noite, a vida de prostitutas e até a masturbação. Mas será que o sucesso vai tirar o grupo do underground e,
de certa forma, estragar o futuro criativo da
banda? Para Paddy, a resposta é não.
"Não deixaremos de ser underground
por ficarmos famosos. As pessoas dizem
que o sucesso muda tudo. OK, isso acontece. Underground não é necessariamente
um lugar, é um jeito de pensar. Esse é o espírito, trazemos cultura dos clubes e vida
noturna para o palco. Isso está no nosso
sangue, não nos vejo ficando moles."
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