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GEOGRAFIA
O salário mínimo e a distribuição de renda
EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
O mês de junho foi movimentado no Congresso Nacional. A
grande discussão era o valor do
salário mínimo, que terminou
com a vitória da proposta do governo, quando a Câmara dos Deputados, contrariando o Senado
-que mudou o valor para R$
275-, manteve os R$ 260 propostos inicialmente.
Tanta briga por causa de R$ 15?
Para algumas pessoas, esse valor a
mais ou a menos no final do mês
não faz a mínima diferença e não
justifica tamanha discussão. No
entanto, para muitas outras, pode
significar passar fome por mais
um dia ou dois.
O valor do salário mínimo é discutido nas aulas de geografia
quando estamos estudando a distribuição de renda no Brasil. Nessas aulas, tem sempre alguém que
pergunta: Mas por que não aumentam logo para uns R$ 1.000?
Não resolveria a questão da má
distribuição de renda?
A resposta é cruel. Não. A distribuição de renda depende de muitos outros fatores além do valor
do salário mínimo. Depende, por
exemplo, de ter renda para distribuir. Quem não puder arcar com
esse valor demitirá o funcionário,
gerando mais desemprego. Depende também de quem concentra mais renda querer desconcentrar. Muita gente pode pagar bem
mais para um empregado, mas
por que fazer isso se o valor de
mercado é um salário mínimo e
eles já pagam dois?
Para você ter idéia de como a
coisa é complicada, é só lembrar
também que cada R$ 10 de aumento no mínimo implica despesa de R$ 2,4 bilhões a mais para a
Previdência Social. É esse o principal argumento do governo federal para defender um valor sabidamente baixo.
Nas últimas duas décadas, não
houve variação significativa na
distribuição de renda. O 1% mais
rico do país concentrou praticamente 12% da renda nacional, a
mesma parcela que coube aos
50% mais pobres. Os 10% mais ricos ganharam 45 vezes mais que
os 10% mais pobres. Esses 10%
mais ricos detiveram 45% da renda, enquanto os 90% seguintes ficaram com os 55% restantes.
Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus
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