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TEM DE SABER - HISTÓRIA
Cana iniciou colonização
ELIANE YAMBANIS OBERSTEINER
especial para a Folha
O período compreendido de
1500 a 1530 é denominado período pré-colonial e se caracteriza pelo desinteresse português em realizar a ocupação do
território brasileiro.
Isso se explica pelo fato de o
comércio com as Índias Orientais ter se mostrado lucrativo e,
também, pela constatação, narrada pelo escrivão-mor Pero
Vaz de Caminha, da inexistência de ouro e prata, base da economia mercantilista em vigor
na época. Não se justificava,
portanto, investimento de vultosos recursos em território tão
distante de Portugal.
No entanto, em 1530, Portugal passou a ser pressionado
por outras nações que questionaram o Tratado de Tordesilhas, acordo entre os países ibéricos que determinou a divisão
de territórios reconquistados
ou descobertos. Tal questionamento teve por objetivo considerar dono da terra o país que
efetivamente a ocupasse.
Para Portugal, portanto, era
preciso ocupar a terra para não
perdê-la, empregando um
meio que fosse economicamente viável. A solução encontrada foi o sistema de Capitanias Hereditárias, que dividia a
faixa litorânea em lotes horizontais. Cada capitania era entregue a um donatário, pessoa
com recursos para assumir o
ônus do empreendimento. Esse donatário assumia os riscos
da empresa colonizadora e
submetia-se às restrições monopolistas que a metrópole reservava para si.
O pacto colonial que determinou o monopólio político de
Portugal sobre o Brasil se desdobrou em monopólio produtivo e comercial. A produção
que o donatário passou a ser
obrigado a desenvolver denominava-se plantation e baseava-se no latifúndio, monocultura, trabalho escravo e produção para o mercado externo.
O produto que iniciou a colonização foi a cana-de-açúcar,
considerada uma especiaria na
Europa. Portugal detinha a exclusividade comercial sobre o
Brasil, tornando-se em pouco
tempo o principal produtor
mundial de açúcar de cana.
Apesar das restrições a que os
donatários se submetiam, esses
representantes da coroa no
Brasil tornaram-se a elite econômica, usufruindo de status
no universo das relações coloniais. Esse status se traduziu
também em poder que retornou para as relações familiares
dos latifundiários.
O patriarcalismo foi a base da
sociedade colonial, onde o pai
exercia poder absoluto sobre
os membros da família e todos
os seus agregados. Sua mulher
era submissa às suas ordens,
como filhos e escravos. A educação era um privilégio masculino, e as mulheres tinham educação para o lar. Quando se casavam, saíam do domínio paterno para o marital, reproduzindo, assim, o modelo familiar
e social que caracterizou o Brasil por vários séculos.
Eliane Yambanis Obersteiner é professora de história do Colégio Equipe.
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