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CARREIRA
Geologia vai além da mineração
Profissional estuda recursos minerais, do petróleo à água, e analisa questões ambientais
INGRID TAVARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É difícil imaginar que, até
pouco tempo atrás no Brasil,
quem quisesse entender melhor a formação do planeta Terra -que têm cerca de 4,5 bilhões de anos- teria de esperar
o mineiro Juscelino Kubitschek virar presidente. Há cerca
de 50 anos, foram abertos os
primeiros cursos de geologia no
país, no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e em São Paulo. Antes disso, para estudar essa
ciência, o aluno deveria sair do
país ou se contentar com os
poucos cursos de especialização da área na época.
Quem conta isso é um dos 24
formandos da primeira turma
de geologia da USP (Universidade São Paulo), em 1960, Celso de Barros Gomes, hoje professor titular do Instituto de
Geociências da universidade.
"Antes disso, nos idos de
1950, a geologia era desenvolvida por naturalistas ou por engenheiros da Poli e de Minas
Gerais, um grande centro formador na época."
Gomes acompanhou de perto as transformações do curso,
que, no começo, tinha como objetivo ajudar na construção e
ampliação de rodovias. "Houve
uma consciência e um esforço
do governo federal para formar
profissionais especializados.
Era indispensável na época."
Com a entrada de geólogos
no mercado, nos anos 60, houve o desenvolvimento na área
da mineração -hoje um dos setores mais tradicionais.
Mas o campo de atuação do
geólogo é bem maior do que o
setor de mineração e o de engenharias (no levantamento e
mapeamento do solo, necessário na construção de rodovias e
barragens, por exemplo). Há
também a prospecção de recursos minerais, como petróleo,
gás e água, trabalho de pesquisa
em laboratório ou no escritório
e atividades na área ambiental.
"Na década de 90, já começam a aparecer as preocupações de ordem ambiental, campo que, cada vez mais, vai receber recursos e profissionais, invariavelmente", afirma Gomes.
Ambiente
Não é à toa que o geólogo é
reconhecido como um dos profissionais que melhor dominam os conhecimentos sobre
as interações do ser humano
com o ambiente.
Como explica Márcio Martins Pimentel, professor titular
do Instituto de Geociências da
UnB (Universidade de Brasília), a geologia "é uma ciência
integradora de conhecimento,
que reúne várias áreas".
Pode-se esperar, portanto,
durante as aulas do curso, muita aplicação dos conhecimentos de física, química, biologia e
também matemática.
Mas não pense que o estudante dessa área vai ficar parado, atrás de uma carteira, fazendo contas e aplicando fórmulas. Há muitas aulas práticas
e trabalho de campo nos cinco
anos da graduação -geralmente, em período integral.
"O aluno tem uma visão muito ampla do planeta Terra, tanto por um viés acadêmico, com
pesquisa, quanto por um viés
aplicado do conhecimento da
geologia, com o trabalho de
campo, presente desde o primeiro ano do curso", afirma o
professor Pimentel.
E para quem ainda reluta para escolher a carreira, Gomes
recomenda: "O aluno deve gostar de viajar. É imprescindível
que o geólogo, desde a faculdade, percorra o país, sempre".
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