São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008
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EXPECTATIVA

Jovem amadurece com reprovação

Para especialistas, apesar de ser uma fase difícil, ele vê que não é sempre que ganhará na vida

Carol Guedes/Folha Imagem
Barbara Nogueira Palmieri, aprovada em nutrição na
Faculdade de Saúde Pública da USP depois de fazer três
anos de cursinho


DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um ano de estudos, é difícil ver as listas de chamadas e não achar o seu nome, ou achá-lo, mas numa classificação muito longe da aprovação. Embora seja difícil, o melhor é aceitar a situação e aprender a lidar com isso. Segundo especialistas em comportamento, o "não passar" é até positivo, pois faz o jovem a amadurecer.
"Saber encarar a realidade é um dos traços da pessoa adulta", diz o terapeuta Geraldo Massaro, supervisor do departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Vivemos num mundo de alta competitividade e é bom o vestibulando aprender que nem sempre vai ganhar na vida."
A psicóloga Celi Piernikarz tem a mesma opinião. "É muito importante saber lidar com perdas. Elas fazem parte do crescimento e vão ajudar o adolescente a entrar na vida real." Segundo Piernikarz, a desaprovação tem "claro, o lado negativo, mas o positivo é que ele vai passar por um processo de auto-conhecimento, para saber do que ele é capaz."
A tão sonhada aprovação no vestibular da Fuvest levou três anos para Barbara Nogueira Palmieri, 21. Aluna do segundo ano do curso de nutrição, ela se diz superfeliz. "Estou realizada. O esforço todo valeu a pena."
E o que diz sobre ficar três anos no cursinho? "Não me arrependo. Foi uma época de muitos aprendizados. Passei a ser mais organizada e a lidar melhor com o tempo."
Patrícia Gugliotta, psicóloga, diz que o vestibulando que não é aprovado deve, primeiramente, pensar até que ponto pode ter sido responsável pela reprovação. "Ele tem que ser consciente dos esforços que fez e se programar, estabelecer metas, mesmo diante do fracasso." Ela adverte os vestibulandos que, cansados de prestar uma carreira difícil e não conseguir, pensam em migrar para um curso mais fácil. "Não adianta buscar o mais fácil. Se quer medicina, tem que ser perseverante e não trocar por uma outra área só porque é mais fácil."
O dia 10 de janeiro foi um dia triste para Mariana Silva, 18. Já matriculada em uma faculdade, ela aguardava a lista do Mackenzie, sua primeira opção. Não passou -ficou na 660ª posição. Consultou as listas de chamada em espera anteriores para ver até que posição costumavam chamar. Infelicidade: até a posição 400 "ou um pouco mais". "Queria muito o Mackenzie, mas não deu. Estou feliz na minha segunda opção."
(LUISA ALCANTARA E SILVA e FERNANDA CALGARO)


Agradecimento ao Museu do Relógio Prof. Dimas de Melo Pimenta (avenida Mofarrej, 840, São Paulo, tel.: 0/xx/11/3646-4000; gratuito)


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