|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXPECTATIVA
Trote é ritual, mas não aceite abusos
Pesquisar como foram as recepções anteriores é importante para saber se veteranos respeitam calouros
DA REDAÇÃO
Trote: "zombaria a que veteranos das escolas sujeitam os
calouros". Assim o dicionário
"Aurélio" define o ritual de entrada na vida universitária.
Mas, por timidez ou medo,
muitos calouros, que passaram
o ano passado inteiro pensando
só em pisar na faculdade, têm
dúvidas sobre ir ou não nos primeiros dias. Alguns ficam tímidos -por ter de falar com muita gente nova- e outros, receosos -devido a brincadeiras sem
graça que alguns veteranos ainda insistem em fazer.
"O trote é um festejo", diz o
psiquiatra Içami Tiba, especialista em adolescência e autor do
livro "Quem Ama Educa". "Se
não passar do limite, o calouro
deve ir, sim. É um momento de
integração", diz ele. "Quem não
vai ao trote fica até frustrado,
porque chega cabeludo na faculdade depois [que as aulas já
começaram] e diz: "Poxa, entrei
e ninguém me viu?'"
Para Tiba, não há problema
em deixar que veteranos cortem os cabelos dos calouros.
"Ficar careca faz parte do ritual. Não tem mal nenhum."
Já a psicóloga Celi Piernikarz, que trabalha com adolescentes, questiona o trote. Diferentemente de Içami Tiba, ela
não concorda com o corte de
cabelo. "A entrada na faculdade
tem que ser prazerosa, qualquer brincadeira, mesmo que
seja raspar a cabeça, pode cortar a alegria", pondera. "Às vezes, sem perceber, o veterano
coloca o calouro numa situação
desconhecida, que o intimida."
No entanto, se for para ajudar uma instituição, como com
a doação de sangue, a psicóloga
tem outra opinião: "Aí é diferente. Vale a pena ajudar".
Solidário
É o que acontece no Instituto
Presbiteriano Mackenzie. Desde 2001, foi implantado o "trote
solidário" -os calouros são
convocados para fazer ações
sociais, como doar sangue, medula óssea, livros e agasalhos.
"Nós não aprovamos o trote
comum porque há muitos abusos", diz o vice-reitor da instituição, Pedro Ronzelli. "Se fosse apenas um momento de integração, seria ótimo. Mas os
alunos bebem muito e cometem exageros, com os quais nós
não concordamos."
No Mackenzie, a pintura no
rosto dos calouros, o corte de
cabelo e "brincadeiras" como
pedir dinheiro no semáforo só
acontecem para fora da instituição. "Acho errado se colocar
exclusivamente contra o trote,
por isso, transformamos o que
ele era em um dia saudável",
afirma Ronzelli.
O calouro não deve aceitar
abusos durante o trote e, se
houver algum exagero na
"brincadeira", procurar a direção da instituição.
Para Celi Piernikarz, é importante que o calouro pesquise sobre os trotes que já ocorreram na faculdade em que foi admitido. "Assim, a chance de
ele não ter surpresas desagradáveis será menor."
(LAS)
Texto Anterior: Calendário Próximo Texto: Na São Francisco, recepção inclui banho em fonte Índice
|