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DEU NA MÍDIA
Diplomacia ao estilo Barack Obama
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vencidos os primeiros
cem dias de mandato, o novo
presidente dos EUA, Barack
Obama, vem surpreendendo
o mundo com seu estilo despojado de fazer política.
Diferentemente de George
W. Bush, demonizado pelo
seu unilateralismo sem limites, Obama escolheu o diálogo como o eixo central da sua
política externa.
Na reunião da Cúpula das
Américas, Obama esboçou
um novo paradigma para as
relações entre os Estados ao
reafirmar que pretende estabelecer um diálogo com seus
virtuais inimigos.
O comandante da Casa
Branca não aceita a máxima
de que "mostrar-se cortês e
aceitar o diálogo com governos que antes eram hostis
aos EUA seja uma demonstração de fraqueza". Na verdade, ao criticar essa visão,
Obama, manda um recado
aos seus críticos mais ferozes, a oposição republicana
órfã da era Bush.
Ao assinar o decreto de fechamento da prisão de
Guantánamo, em Cuba, Obama definiu outro aspecto importante da sua agenda: a
melhor forma de reposicionar a liderança dos EUA e
"promover nossos valores e
ideais" é através do exemplo.
Como já havia ressaltado
em seu discurso de posse:
"Para nossa defesa comum,
rejeitamos a falsa escolha entre nossa segurança ou nossos ideais". Obama diz preferir a legalidade e o respeito
aos direitos do homem, por
isso determinou a suspensão
das torturas e o fim das prisões secretas da CIA.
Numa iniciativa inusitada,
Obama gravou uma mensagem ao Irã. Desde a Revolução Iraniana de 1979, os EUA
impuseram sanções econômicas ao novo Estado teocrático e cortaram relações diplomáticas que geraram entre Teerã e Washington hostilidade e isolamento.
Quando assume um tom
conciliador, ele propõe um
"novo começo" à nação persa, estratégia para atrair o Irã
e seu polêmico presidente
Mahmoud Ahmadinejad para o debate político.
Qualquer avaliação imediata seria apressada, afinal é
cedo para saber o alcance
desse pragmatismo diplomático. Mas não há como negar
a força da sua mensagem,
que aos poucos vai compondo o perfil da sua doutrina, o
"obamismo". Neologismo
que, por enquanto, sintetiza
a maior ousadia de Barack
Obama: insistir no diálogo
com aqueles que teimam declarar-se inimigos dos EUA.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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