São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009
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DEU NA MÍDIA

Diplomacia ao estilo Barack Obama

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vencidos os primeiros cem dias de mandato, o novo presidente dos EUA, Barack Obama, vem surpreendendo o mundo com seu estilo despojado de fazer política.
Diferentemente de George W. Bush, demonizado pelo seu unilateralismo sem limites, Obama escolheu o diálogo como o eixo central da sua política externa.
Na reunião da Cúpula das Américas, Obama esboçou um novo paradigma para as relações entre os Estados ao reafirmar que pretende estabelecer um diálogo com seus virtuais inimigos.
O comandante da Casa Branca não aceita a máxima de que "mostrar-se cortês e aceitar o diálogo com governos que antes eram hostis aos EUA seja uma demonstração de fraqueza". Na verdade, ao criticar essa visão, Obama, manda um recado aos seus críticos mais ferozes, a oposição republicana órfã da era Bush.
Ao assinar o decreto de fechamento da prisão de Guantánamo, em Cuba, Obama definiu outro aspecto importante da sua agenda: a melhor forma de reposicionar a liderança dos EUA e "promover nossos valores e ideais" é através do exemplo.
Como já havia ressaltado em seu discurso de posse: "Para nossa defesa comum, rejeitamos a falsa escolha entre nossa segurança ou nossos ideais". Obama diz preferir a legalidade e o respeito aos direitos do homem, por isso determinou a suspensão das torturas e o fim das prisões secretas da CIA.
Numa iniciativa inusitada, Obama gravou uma mensagem ao Irã. Desde a Revolução Iraniana de 1979, os EUA impuseram sanções econômicas ao novo Estado teocrático e cortaram relações diplomáticas que geraram entre Teerã e Washington hostilidade e isolamento. Quando assume um tom conciliador, ele propõe um "novo começo" à nação persa, estratégia para atrair o Irã e seu polêmico presidente Mahmoud Ahmadinejad para o debate político.
Qualquer avaliação imediata seria apressada, afinal é cedo para saber o alcance desse pragmatismo diplomático. Mas não há como negar a força da sua mensagem, que aos poucos vai compondo o perfil da sua doutrina, o "obamismo". Neologismo que, por enquanto, sintetiza a maior ousadia de Barack Obama: insistir no diálogo com aqueles que teimam declarar-se inimigos dos EUA.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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