São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002
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DIPLOMA ESTRANGEIRO

Fique atento à qualidade do curso antes de deixar o país

ALÉM DE INVESTIMENTO, ESTUDAR NO EXTERIOR REQUER DOMÍNIO DO IDIOMA E REVALIDAÇÃO DO DIPLOMA

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
SONHO A brasileira Cristina Agramunt, 19, tem parentes e amigos na Espanha e quer fazer um curso superior de turismo e hotelaria em Barcelona

FÁBIO PORTO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Seja para freqüentar as universidades mais prestigiadas do mundo ou para se aventurar em cursos precários em países sul-americanos, o desejo de fazer uma graduação no exterior vem crescendo entre brasileiros.
As empresas que comercializam cursos no exterior não têm dados precisos sobre a demanda. Entretanto o diretor da Central de Intercâmbio, Celso Garcia, diz que há um "crescimento consistente".
"Há cinco anos, a procura por graduação era zero. Hoje, pelo menos 5% dos jovens que nos procuram querem fazer faculdade fora do país", afirma Karen McQuade, diretora da DW Brasil. Ela diz que um dos destinos mais procurados é a Austrália em razão dos preços baixos, da possibilidade de trabalhar legalmente e, principalmente, do clima, semelhante ao do Brasil.
Depois de ficar seis meses estudando na Alemanha durante o ensino médio, o paulistano André Okawara, 21, decidiu que queria fazer faculdade fora do país. Hoje, ele está no segundo ano de administração na Universidade de Queensland, na Austrália.
Okawara acredita que o curso no exterior vai lhe trazer vantagens no mercado de trabalho brasileiro. Entretanto, como todo estudante que faz graduação no exterior, ele terá de revalidar o diploma para ser reconhecido no Brasil. "Acho que não terei problemas em arranjar um bom emprego. E se não reconhecerem o meu diploma no Brasil, muitas companhias no exterior o farão."
Os órgãos oficiais estrangeiros que oferecem orientação educacional confirmam o aumento da procura por cursos de graduação. A exceção fica para os EUA. A elevação do preço do dólar, sobretudo após 2000, e os ataques terroristas de 11 de setembro inibiram a procura por cursos no país.
Na Europa, o atrativo é o sistema de ensino universitário público, que é praticamente gratuito tanto para os cidadãos locais como para os estrangeiros. Os únicos gastos com o ensino são as taxas de inscrição. Na Alemanha, essa taxa é de cerca de R$ 300 por semestre; na França, é de cerca de R$ 1.000 por ano e, na Espanha, pagam-se até R$ 2.000 por ano.
Porém, quando imaginam estudar fora do país, muitos estudantes pensam apenas em universidades de prestígio mundial, que são justamente as mais caras. Um curso em Harvard pode custar até US$ 36 mil por ano. "Dependendo curso que se faz aqui, a faculdade particular brasileira pode ser mais cara que a universidade americana de nível intermediário", afirma Leib Raibin, diretor da agência WTT- UC.
Poucos, no entanto, têm a oportunidade da estudante Angela Bassa, 20. Depois de mudar para os Estados Unidos com a família, quando tinha 14 anos, Angela foi aceita no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), onde cursa o último ano de matemática aplicada. "Tenho professores que estão entre os melhores do mundo em suas áreas."
A experiência, contudo, pode não ser a mais vantajosa para quem quer se inserir no mercado de trabalho brasileiro. Dario Guimarães, coordenador de projetos da Across, empresa especializada em gestão de carreiras, diz que curso superior fora do país pode ser mais interessante só para quem quer trilhar carreira internacional. "No mercado brasileiro, valoriza-se mais experiências internacionais como intercâmbio ou pós-graduação. Aqui as empresas sabem discernir o jovem profissional de acordo com a universidade de onde vem. No exterior, a diversidade de formações é muito maior e isso cria dúvidas."



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