São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009
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ADIAMENTO DO ENEM

Em um ano de mudanças, tensão aumenta entre alunos

Vestibulandos ainda têm de lidar com alterações na Fuvest e na Unesp

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

PABLO SOLANO
SAMIA BARBOSA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A USP mudou as regras do vestibular, a Unesp também, a gripe suína adiou o início das aulas e o Enem -que mudou para valer vaga nas universidades federais- vazou e foi cancelado a dois dias da primeira prova. É fato: 2009 tem deixado os vestibulandos atordoados.
"Este ano está muito difícil porque é um ano todo de mudanças", diz Mariana Vergueiro, 19, que vai prestar economia e faria o Enem para ajudar na nota da USP e da Unicamp.
"A gente se prepara psicologicamente para fazer uma prova e agora não tem mais. Isso vai abalando."
Luísa Lisboa, 18, é outra a lamentar o cancelamento do Enem em meio ao ano turbulento. "Justo neste ano, quando tudo mudou, quando o Enem estava sendo mais importante que nos outros anos, que seria mais difícil, acontece isso." Ela quer medicina na Unifesp.
Quem lida com os alunos concorda: mudanças e ano de vestibular compõem uma combinação tensa. "Estamos dizendo que os alunos deste ano serão lembrados futuramente, porque neste ano aconteceu de tudo. Será a turma que viveu o ano das mudanças", diz Florinda Manuchaguian, coordenadora do ensino médio do colégio Albert Sabin.
Na escola, o esquema para o Enem já estava preparado: na véspera da prova, o colégio faria sessões de relaxamento e atividades para reforçar a autoconfiança dos alunos. Até que, quinta-feira passada, veio a notícia: Enem cancelado. "Ninguém comemorou. Estávamos com espírito preparado para fazer o Enem", diz Florinda. Depois, o plano era focar nos vestibulares de Fuvest e Unicamp. "Foi uma frustração. Muitos alunos queriam tirar isso do caminho, se livrar dessa etapa."
Para Miguel Augusto de Toledo Arruda, coordenador de ensino médio do colégio Santo Américo, tantas novidades aumentam a ansiedade do vestibulando. "Qual o antídoto? Levar a ele informações, na medida do possível." No caso da Fuvest, o colégio esclareceu aos alunos as mudanças nas disciplinas cobradas na segunda fase; para o Enem, aplicou simulados. "De repente, essa bomba [a prova que vazou]. Agora estamos à espera de informação para mostrar aos alunos se ainda dá tempo de usar o Enem."

Desencanar do Enem
Ansiosos e frustrados com o cancelamento do Enem, muitos estudantes se desencantaram com o exame, diz a coordenadora do Sabin. "Se tiver de optar entre Enem e outro vestibular, opto por outro, porque usaria os pontos do Enem só para a USP e a Unicamp", afirma Mariana Vergueiro, a estudante do segundo parágrafo.
Colega dela no cursinho Anglo, Thaís Galli, 18, é outra que pode deixar o Enem de lado. "Estou com medo de que o Enem coincida com outros vestibulares. Eu ia fazer vestibulares que aceitariam só o Enem e outros que contariam pontos. Agora não sei mais", diz. "As federais do ABC e de Mato Grosso só usariam o Enem. Na UFSCar, o Enem vale a metade da pontuação. Estava contando muito com o exame para poder passar. A Fuvest só conta pontos, mas também ia ajudar."
Justamente por ser usado em tantas universidades, há quem argumente que desistir do exame não é tão simples assim. "O problema é o que o Enem é a primeira fase da Unifesp, que tem uma das faculdades de medicina mais concorridas do país. Tem gente que está há três anos no cursinho. Eles estavam indo prestar o vestibular da vida deles", diz Fernanda Passos, 18, que prestará vestibular para medicina na federal paulista.
Assim com as colegas de cursinhos Luisa Lisboa, Carolina Rovai e Aline Bastos, todas com 18 anos, Fernanda acha que o principal efeito do adiamento do Enem será afetar a preparação psicológica dos alunos.


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