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ADIAMENTO DO ENEM
Em um ano de mudanças, tensão aumenta entre alunos
Vestibulandos ainda têm de lidar com alterações na Fuvest e na Unesp
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
PABLO SOLANO
SAMIA BARBOSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A USP mudou as regras do
vestibular, a Unesp também, a
gripe suína adiou o início das
aulas e o Enem -que mudou
para valer vaga nas universidades federais- vazou e foi cancelado a dois dias da primeira
prova. É fato: 2009 tem deixado
os vestibulandos atordoados.
"Este ano está muito difícil
porque é um ano todo de mudanças", diz Mariana Vergueiro, 19, que vai prestar economia
e faria o Enem para ajudar na
nota da USP e da Unicamp.
"A gente se prepara psicologicamente para fazer uma prova e agora não tem mais. Isso
vai abalando."
Luísa Lisboa, 18, é outra a lamentar o cancelamento do
Enem em meio ao ano turbulento. "Justo neste ano, quando
tudo mudou, quando o Enem
estava sendo mais importante
que nos outros anos, que seria
mais difícil, acontece isso." Ela
quer medicina na Unifesp.
Quem lida com os alunos
concorda: mudanças e ano de
vestibular compõem uma combinação tensa. "Estamos dizendo que os alunos deste ano serão lembrados futuramente,
porque neste ano aconteceu de
tudo. Será a turma que viveu o
ano das mudanças", diz Florinda Manuchaguian, coordenadora do ensino médio do colégio Albert Sabin.
Na escola, o esquema para o
Enem já estava preparado: na
véspera da prova, o colégio faria
sessões de relaxamento e atividades para reforçar a autoconfiança dos alunos. Até que,
quinta-feira passada, veio a notícia: Enem cancelado. "Ninguém comemorou. Estávamos
com espírito preparado para fazer o Enem", diz Florinda. Depois, o plano era focar nos vestibulares de Fuvest e Unicamp.
"Foi uma frustração. Muitos
alunos queriam tirar isso do caminho, se livrar dessa etapa."
Para Miguel Augusto de Toledo Arruda, coordenador de
ensino médio do colégio Santo
Américo, tantas novidades aumentam a ansiedade do vestibulando. "Qual o antídoto? Levar a ele informações, na medida do possível." No caso da Fuvest, o colégio esclareceu aos
alunos as mudanças nas disciplinas cobradas na segunda fase; para o Enem, aplicou simulados. "De repente, essa bomba
[a prova que vazou]. Agora estamos à espera de informação para mostrar aos alunos se ainda
dá tempo de usar o Enem."
Desencanar do Enem
Ansiosos e frustrados com o
cancelamento do Enem, muitos estudantes se desencantaram com o exame, diz a coordenadora do Sabin. "Se tiver de
optar entre Enem e outro vestibular, opto por outro, porque
usaria os pontos do Enem só
para a USP e a Unicamp", afirma Mariana Vergueiro, a estudante do segundo parágrafo.
Colega dela no cursinho Anglo, Thaís Galli, 18, é outra que
pode deixar o Enem de lado.
"Estou com medo de que o
Enem coincida com outros vestibulares. Eu ia fazer vestibulares que aceitariam só o Enem e
outros que contariam pontos.
Agora não sei mais", diz. "As federais do ABC e de Mato Grosso só usariam o Enem. Na UFSCar, o Enem vale a metade da
pontuação. Estava contando
muito com o exame para poder
passar. A Fuvest só conta pontos, mas também ia ajudar."
Justamente por ser usado em
tantas universidades, há quem
argumente que desistir do exame não é tão simples assim. "O
problema é o que o Enem é a
primeira fase da Unifesp, que
tem uma das faculdades de medicina mais concorridas do
país. Tem gente que está há três
anos no cursinho. Eles estavam
indo prestar o vestibular da vida deles", diz Fernanda Passos,
18, que prestará vestibular para
medicina na federal paulista.
Assim com as colegas de cursinhos Luisa Lisboa, Carolina
Rovai e Aline Bastos, todas com
18 anos, Fernanda acha que o
principal efeito do adiamento
do Enem será afetar a preparação psicológica dos alunos.
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