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Dificuldade de concluir raciocínio prejudica texto
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Como a maioria dos textos
que trataram do tema, demonstra preocupação com o
comportamento "irresponsável" dos jovens, que talvez deva
ser atribuído antes à imaturidade que à falta de informação.
Entretanto, se, no início, afirma que "os jovens brasileiros
nunca estiveram tão bem informados", no final, vai advertir-nos de que o problema só será
resolvido quando o sexo "deixar de ser tabu". A conclusão
do texto não deve desmentir
aquilo que foi dito antes.
Falta ao raciocínio um fio
condutor. Há várias informações e opiniões, todas pertinentes ao tema, mas a unidade do
texto é precária. O papel da televisão poderia ser examinado
com mais ponderação. A função de propagar informações é
positiva, mas talvez a desorganização ou a amoralidade dos
conteúdos veiculados pela TV
possam exercer uma influência
negativa sobre os jovens.
Reduzir o problema de uma
gravidez indesejada aos aspectos financeiros nela implicados
parece uma simplificação excessiva da questão. O mesmo
ocorre quando o estudante
afirma que é preciso "respeitar
as regras da vida", pois pressupõe a existência de comportamentos "certos". Melhor seria
falar em princípios ou em valores, que são subjetivos.
Na conclusão, o raciocínio se
dispersa. Os velhos clichês do
"país jovem", da reivindicação
de respeito aos direitos dos cidadãos e da crítica aos tabus
vêm descosturados. Sem unidade, o texto termina com frases de efeito que não se coadunam com as idéias anteriores.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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