São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002
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Dificuldade de concluir raciocínio prejudica texto

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como a maioria dos textos que trataram do tema, demonstra preocupação com o comportamento "irresponsável" dos jovens, que talvez deva ser atribuído antes à imaturidade que à falta de informação.
Entretanto, se, no início, afirma que "os jovens brasileiros nunca estiveram tão bem informados", no final, vai advertir-nos de que o problema só será resolvido quando o sexo "deixar de ser tabu". A conclusão do texto não deve desmentir aquilo que foi dito antes.
Falta ao raciocínio um fio condutor. Há várias informações e opiniões, todas pertinentes ao tema, mas a unidade do texto é precária. O papel da televisão poderia ser examinado com mais ponderação. A função de propagar informações é positiva, mas talvez a desorganização ou a amoralidade dos conteúdos veiculados pela TV possam exercer uma influência negativa sobre os jovens.
Reduzir o problema de uma gravidez indesejada aos aspectos financeiros nela implicados parece uma simplificação excessiva da questão. O mesmo ocorre quando o estudante afirma que é preciso "respeitar as regras da vida", pois pressupõe a existência de comportamentos "certos". Melhor seria falar em princípios ou em valores, que são subjetivos.
Na conclusão, o raciocínio se dispersa. Os velhos clichês do "país jovem", da reivindicação de respeito aos direitos dos cidadãos e da crítica aos tabus vêm descosturados. Sem unidade, o texto termina com frases de efeito que não se coadunam com as idéias anteriores.


Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha



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