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      São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003
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CARREIRA/ENGENHARIA DE MATERIAIS

PROFISSIONAL TAMBÉM PODE DESENVOLVER E MODIFICAR NOVOS POLÍMEROS, CERÂMICAS E METAIS

Função é escolher produto adequado para cada projeto

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Suponha que você tem uma empresa e quer desenvolver, por exemplo, uma panela de plástico que não quebre, não grude os alimentos e, obviamente, não derreta quando for levada ao fogo. Talvez nem seja preciso inventar um novo material para isso, mas alguém deve escolher, entre os vários que já existem, qual o mais adequado, além de fazer adaptações, caso seja necessário.
Esse profissional é o engenheiro de materiais. Mais do que desenvolver novos materiais -como a fibra ótica, o kevlar e a fibra de carbono-, ele também os escolhe tendo em vista suas características óticas, elétricas e térmicas, a densidade etc.
Além disso, o material pode reagir em contato com alguma substância quando for utilizado, causando a sua corrosão. Por isso o engenheiro de materiais também tem de levar em conta as características químicas em seu trabalho.
"Hoje é difícil inventar novos materiais, porque é algo muito caro. É mais fácil modificar algum já existente para as necessidades específicas", disse Leila Figueiredo de Miranda, chefe do Departamento de Engenharia de Materiais do Mackenzie. Mesmo assim, quando não há nada com as características desejadas, o engenheiro pode pesquisar novas alternativas.
Como o próprio processo de fabricação do material pode interferir nas suas propriedades, o engenheiro também atua nessa fase. "Ele sabe o que vai acontecer com determinado produto se, durante a fabricação, ele for aquecido rapidamente ou lentamente", disse Roberto Tomasi, coordenador da graduação da UFSCar.
Segundo ele, depois de desenvolvido pelo engenheiro de materiais, como sintetizar em larga escala o novo material pode até ser função de outras áreas da engenharia, como a química ou a metalúrgica. "Mas tratar os materiais e aplicá-los nos produtos é função do engenheiro de materiais. Um químico pode fabricar o teflon, mas como fazê-lo revestir uma panela é com o de materiais."
Outro exemplo é uma fábrica que compra polímeros em grãos de uma indústria petroquímica. Nesse caso, o engenheiro de materiais tem de misturar outros elementos para produzir um plástico com certa característica para fazer um produto.
Para conhecer essas propriedades e saber modificá-las, o profissional tem de entender as características microscópicas dos materiais -como a maneira de as moléculas ligarem-se umas às outras. "O engenheiro tem de saber, por exemplo, por que um determinado metal é semicondutor. Assim ele pode atuar na estrutura da molécula para conseguir uma determinada propriedade", disse o coordenador da pós-graduação em engenharia de materiais da USP, Dirceu Spinelli.

Grandes áreas
Na maioria das faculdades, o aluno tem de optar, no final do curso, por um dos três tipos de material -cerâmico, metálico ou polimérico- para concentrar seus estudos.
Os materiais cerâmicos são os empregados desde em pisos e azulejos até em áreas tecnológicas, como na informática (os capacitores, por exemplo, são feitos de cerâmica). Vidros, fibras óticas e materiais usados para armazenamento magnético de informações, como nos disquetes, também são cerâmicos. Além desses, há cerâmicas especiais que suportam altas temperaturas, usadas nos foguetes espaciais.
Os materiais poliméricos são todos os plásticos, desde os usados em brinquedos até os especiais, de alta durabilidade, que podem substituir peças de um motor de carro. Já os metálicos podem ser utilizados desde na construção civil até na fabricação de próteses.
Depois de formado, o engenheiro pode trabalhar também com os chamados compósitos, que são misturas de materiais. A fibra de carbono, por exemplo, que é utilizada na fabricação de veículos, é uma mistura de materiais poliméricos com cerâmicos.


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