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CARREIRA/ENGENHARIA DE MATERIAIS
PROFISSIONAL TAMBÉM PODE DESENVOLVER E MODIFICAR NOVOS POLÍMEROS, CERÂMICAS E METAIS
Função é escolher produto adequado para cada projeto
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Suponha que você tem uma empresa e quer desenvolver, por
exemplo, uma panela de plástico
que não quebre, não grude os alimentos e, obviamente, não derreta quando for levada ao fogo. Talvez nem seja preciso inventar um
novo material para isso, mas alguém deve escolher, entre os vários que já existem, qual o mais
adequado, além de fazer adaptações, caso seja necessário.
Esse profissional é o engenheiro
de materiais. Mais do que desenvolver novos materiais -como a
fibra ótica, o kevlar e a fibra de
carbono-, ele também os escolhe tendo em vista suas características óticas, elétricas e térmicas, a
densidade etc.
Além disso, o material pode reagir em contato com alguma substância quando for utilizado, causando a sua corrosão. Por isso o
engenheiro de materiais também
tem de levar em conta as características químicas em seu trabalho.
"Hoje é difícil inventar novos
materiais, porque é algo muito caro. É mais fácil modificar algum já
existente para as necessidades específicas", disse Leila Figueiredo
de Miranda, chefe do Departamento de Engenharia de Materiais do Mackenzie. Mesmo assim, quando não há nada com as
características desejadas, o engenheiro pode pesquisar novas alternativas.
Como o próprio processo de fabricação do material pode interferir nas suas propriedades, o engenheiro também atua nessa fase.
"Ele sabe o que vai acontecer com
determinado produto se, durante
a fabricação, ele for aquecido rapidamente ou lentamente", disse
Roberto Tomasi, coordenador da
graduação da UFSCar.
Segundo ele, depois de desenvolvido pelo engenheiro de materiais, como sintetizar em larga escala o novo material pode até ser
função de outras áreas da engenharia, como a química ou a metalúrgica. "Mas tratar os materiais
e aplicá-los nos produtos é função
do engenheiro de materiais. Um
químico pode fabricar o teflon,
mas como fazê-lo revestir uma
panela é com o de materiais."
Outro exemplo é uma fábrica
que compra polímeros em grãos
de uma indústria petroquímica.
Nesse caso, o engenheiro de materiais tem de misturar outros elementos para produzir um plástico com certa característica para
fazer um produto.
Para conhecer essas propriedades e saber modificá-las, o profissional tem de entender as características microscópicas dos materiais -como a maneira de as moléculas ligarem-se umas às outras.
"O engenheiro tem de saber, por
exemplo, por que um determinado metal é semicondutor. Assim
ele pode atuar na estrutura da
molécula para conseguir uma determinada propriedade", disse o
coordenador da pós-graduação
em engenharia de materiais da
USP, Dirceu Spinelli.
Grandes áreas
Na maioria das faculdades, o
aluno tem de optar, no final do
curso, por um dos três tipos de
material -cerâmico, metálico ou
polimérico- para concentrar
seus estudos.
Os materiais cerâmicos são os
empregados desde em pisos e
azulejos até em áreas tecnológicas, como na informática (os capacitores, por exemplo, são feitos
de cerâmica). Vidros, fibras óticas
e materiais usados para armazenamento magnético de informações, como nos disquetes, também são cerâmicos. Além desses,
há cerâmicas especiais que suportam altas temperaturas, usadas
nos foguetes espaciais.
Os materiais poliméricos são todos os plásticos, desde os usados
em brinquedos até os especiais, de
alta durabilidade, que podem
substituir peças de um motor de
carro. Já os metálicos podem ser
utilizados desde na construção civil até na fabricação de próteses.
Depois de formado, o engenheiro pode trabalhar também com os
chamados compósitos, que são
misturas de materiais. A fibra de
carbono, por exemplo, que é utilizada na fabricação de veículos, é
uma mistura de materiais poliméricos com cerâmicos.
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