PROVA PASSA A SER OBRIGATÓRIA APÓS DECISÃO DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO

DA REPORTAGEM LOCAL

O vestibular de inverno deste ano será marcado pela inclusão obrigatória da prova de redação com caráter eliminatório. Essa foi uma das mudanças estipuladas pelo ministro Paulo Renato Souza após a aprovação de um semi-analfabeto em dois vestibulares no Rio de Janeiro, em 2001.
A diferença para o aluno é a responsabilidade de não zerar a prova. Cabe às instituições determinar a nota mínima de eliminação.
Conseguir uma nota maior na redação aumenta as chances de o estudante entrar em uma boa universidade. Segundo a coordenadora de português do cursinho Etapa Vestibulares, Célia Passoni, cada ponto em uma prova equivale a deixar para trás de 3.000 a 5.000 concorrentes.
"O aluno não deve ficar alarmado com a nova resolução e sair decorando a gramática", diz. "Uma boa redação não é medida apenas pela ortografia, mas, principalmente, pela qualidade das informações e pela estrutura do texto."
Para Célia, o vestibulando deve ampliar a sua formação cultural, lendo, por exemplo, os livros exigidos pelas universidades e observando o estilo de seus autores, além de jornais e revistas com temas atuais. Uma boa base nas outras matérias também é essencial.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a não-compreensão do tema da redação é um dos erros mais comuns cometidos pelos estudantes. Na pressa para começar a prova, não a lêem com atenção e acabam escrevendo sobre um tema diferente do proposto.
"O vestibulando deve gastar de 10 a 15 minutos do tempo da prova analisando o tema", afirma Maria Aparecida Santos, responsável pelo laboratório de redação do Curso Objetivo.
Depois de reler algumas vezes os textos-tema, a recomendação de Maria é que o aluno sublinhe as palavras-chave, reescreva com as próprias palavras o assunto proposto e o questione. Primeiramente, afirma, deve situá-lo no espaço, estabelecer o tempo que está sendo tratado e, finalmente, delimitar do que se trata o texto.
De acordo com Izidoro Blikstein, autor do livro "Técnicas de Comunicação Escrita" e professor de comunicações, linguística e semiótica da FGV-EAESP, para saber escrever bem, o estudante precisa saber se comunicar bem.
"As condições para uma boa comunicação são conhecer a natureza e o comportamento humanos, além de temas de diferentes áreas. É preciso, antes de tudo, criar uma cultura geral", afirma.
Na hora de escrever, a primeira condição, diz o professor, é ser criativo, estimular o leitor e provocar reações. "Fazer uma boa redação não é "escrever bonitinho". As equipes de correção percebem claramente quando as palavras estão no texto só para enfeitar."
Para o coordenador de redação do Anglo Vestibulares, Antonio Carlos Moreira, a medida do ministro confirma a deficiência dos alunos no aprendizado da língua portuguesa. "Não há incentivo nas escolas para a prática da redação e, quando chegam ao cursinho, precisam suportar altas doses de informação." (ANA GABRIELA DICKSTEIN E LUIS RENATO STRAUSS)



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