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REFORMA
Vestibulares adotam nova grafia; candidato escolhe como escrever
Vestibulandos têm até 2012 para aprender novas regras
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Você terminou o ensino médio no ano passado ou foi para o
último ano agora. Foram anos
aprendendo a grafia certa das
palavras e, agora, com a adoção
do Novo Acordo Ortográfico,
em 1º de janeiro, as normas têm
de ser revistas.
Mas quem vai participar de
processos seletivos neste ano
não precisa entrar em pânico.
Os vestibulares aceitarão a antiga e a nova ortografia até o final de 2012, prazo estipulado
pelo governo para os brasileiros se adaptarem -até lá, as
duas ortografias serão consideradas corretas. Fica para o vestibulando escolher a forma como prefere escrever.
É o caso da Unicamp. Quem
está prestando a segunda fase,
que vai até amanhã, pode escolher como quer responder.
A Fuvest informou que vai
adotar a nova grafia nos enunciados das provas deste final de
ano. As questões serão redigidas de acordo com as regras recém-divulgadas, e os candidatos que chegarem à segunda fase -já que a primeira é só de
testes- poderão escolher a grafia com a qual preferem responder e fazer a redação.
Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que
ainda não decidiu qual ortografia utilizará no próximo processo, a gramática não é tão cobrada. "Damos mais valor para o
conteúdo que para a exigência
da norma culta da língua portuguesa", afirma Luiz Otávio Teixeira Mendes Langlois, coordenador acadêmico do vestibular
da instituição. "Pequenos erros
em uma frase bem-estruturada
não contam tanto no nosso
processo seletivo."
Avaliação diferente tem a
UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais). "Erros ortográficos diminuem a nota",
afirma Vera Resende, coordenadora-geral da comissão permanente de vestibular da escola. "Mas, normalmente, pessoas que se expressam melhor
conhecem mais a norma culta."
A instituição ainda não decidiu quando adotará o Acordo,
mas Vera diz que até março a
UFMG deve tomar uma decisão sobre o assunto.
Na PUC-SP, os erros também
contam negativamente, mas,
de acordo com Ana Zilocchi,
coordenadora-geral do vestibular unificado da instituição,
os corretores costumam levar
em conta a questão do (pouco)
tempo que os candidatos têm.
"O aluno tem que saber que o
seu texto passa por alguém que
tem prazer em ler aquilo e que
vai saber quando é um errinho
ocasional ou não."
Todos juntos
De acordo com Ana Zilocchi,
os professores vão aprender as
novas regras junto com os alunos. "Temos que começar de
novo, desaprender tudo o que
sabemos", afirma ela. "Mas até
o fim deste ano os vestibulandos chegarão com tudo na ponta da língua."
Não é o que pensam muitos
estudantes, que dizem preferir
responder com a ortografia que
aprenderam na escola.
"Vou responder na grafia antiga mesmo", afirma Aline Oliveira de Brito, 17, que vai prestar direito na Fuvest pela segunda vez no fim deste ano.
"Fico mais segura. Acho que é
bem difícil se adaptar às regras
em um ano", diz.
Mas ela diz que vai tentar
mudar o seu jeito de escrever.
"Ainda não sei se vou voltar para o cursinho [ela estudou no
Cursinho do XI no ano passado], mas vou aprender essas regras com mais facilidade se fizer [cursinho] de novo."
A mesma opinião tem Tamiris Lopes Ferreira, 18. "Até estou acompanhando a reforma,
mas não vou arriscar fazer uma
coisa a que não estou acostumada", diz ela, que vai tentar
medicina pela terceira vez no
fim deste ano.
Já Daniella Leite, 19, diz que
vai dar preferência ao uso da
nova ortografia. "Acho que vou
ter mais problema com hífen,
mas consigo aprender até lá [o
final deste ano]."
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