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REDAÇÃO DO LEITOR
"Fórmula" de composição deve ser evitada
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O texto é introduzido de maneira frouxa, sem definição
de ponto de vista. Sua organização revela a obediência a
uma espécie de esquema: introdução neutra, argumentos
dos defensores de cada um dos
lados da questão, posicionamento na conclusão.
A demarcação de um ponto
de vista desde o início é fundamental até mesmo para garantir uma escolha mais adequada
de vocabulário e uma organização mais pessoal das idéias. O
leitor deve ser envolvido pelo
texto e, para que isso ocorra, o
redator deverá mostrar convicção daquilo que defende.
É importante mostrar os vários lados da questão quando
se aborda um tema polêmico,
mas não se deve dar a todos
eles o mesmo peso. É preciso
escolher as idéias que pretende
sustentar e refutar os argumentos contrários a elas.
O objetivo do texto é chegar à
conclusão, mas isso deve ocorrer naturalmente. Ao considerar "radical" o ponto de vista
dos que defendem a proibição
do comércio de armas, o redator insinua que vai sustentar a
posição contrária a essa. Surpreendentemente, posiciona-se como os "radicais", o que
prejudica a unidade do texto.
Falha também na coesão,
pois não comenta as idéias, não
as relaciona entre si. A impressão é que apenas arrola os argumentos de ambos os lados. O
título parece bom, mas seria
melhor se a sua relação com o
texto fosse mais explícita.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da
Folha.
E-mail: tnicoleti@folhasp.com.br
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