São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004
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GRAMÁTICA

Sobre sinais diacríticos e acentos gráficos

ODILON SOARES LEME
ESPECIAL PARA A FOLHA

É verdade que, para registrar por meio da escrita os sons da fala, usamos o alfabeto. Mas isso não é toda a verdade. Basta que observemos as palavras maca e maçã. Ambas empregam exatamente as mesmas letras. Mas elas reproduzem fonemas (sons) diferentes, porque em maçã, além das letras, fazemos uso de dois sinaizinhos, a cedilha e o til, que dão às letras /c/ e /a/ um valor fonético diferente.
Como a cedilha e o til, existem outros sinais diacríticos, que auxiliam as letras a reproduzir, da maneira mais próxima possível, os sons da fala. Em quente e eloqüente, por exemplo, a diferença do valor fonético do /u/ é determinada pelo emprego do trema, sinal diacrítico, sobre o /u/ de eloqüente.
Você já concluiu, é claro, que os acentos também são sinais diacríticos. Seu emprego é muito importante, e você, com certeza, já teve várias aulas sobre "regras de acentuação". E é bom revê-las para o vestibular. Alguns lembretes, porém, são fundamentais.
Os acentos servem, em primeiro lugar, para indicar, de acordo com sua presença ou ausência, a correta tonicidade das palavras. A ausência de acento em rubrica indica que se trata de uma palavra paroxítona: a sílaba tônica é /bri/. O acento em refém indica tratar-se de palavra oxítona: a tônica é /fém/
Mas o acento é importante, também, para indicar, em alguns casos, o timbre de certas vogais. Em café e ipê, além de indicarem a sílaba tônica das palavras, os acentos indicam, respectivamente, o timbre aberto do /e/ em café, e o fechado, em ipê.
Curiosamente, porém, na grafia de verbos terminados em /em/ tônico, a diferença entre acento agudo e acento circunflexo nada tem a ver com o timbre do /e/, mas com o número, singular ou plural, da forma verbal. Em "ele mantém" e "eles mantêm", o timbre do /e/ acentuado é exatamente o mesmo. Mas o acento agudo /é/ é marca do singular, e o acento circunflexo /ê/ é marca do plural. Isso é o que ocorre na conjugação de verbos derivados de ter (manter, obter, deter, conter...) e vir (provir, intervir, advir, convir...).
Mas tome cuidado: nas formas monossilábicas tem e vem, a ausência de acento indica o singular; o acento circunflexo em têm e vêm indica o plural.
Por último, qual é o plural de crê, dê, lê e vê? Guarde bem: eles crêem, que eles dêem, eles lêem e eles... vêem (do verbo ver, é lógico!).


Odilon Soares Leme é professor do Anglo, responsável pela vinheta "S.O.S. Língua Portuguesa" da rádio Jovem Pan e autor de "Tirando Dúvidas de Português" e de "Linguagem, Literatura, Redação" (Editora Ática).


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