São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004
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BIOLOGIA

Agricultura, adubos, nutrientes e lixo tóxico

FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ecossistemas dependem dos ciclos biogeoquímicos de micro e de macronutrientes para a sua sobrevivência. A indústria de fertilizantes, em geral, sabe dessa necessidade e procura colocar nos adubos esses importantes elementos químicos para melhorar a produtividade da agricultura.
O que não se imaginava até então é que cargas encontradas neste ano no porto de Santos, e cujos documentos oficiais diziam conter minérios de pó de zinco, manganês, ferro e cobre (destinados a serem misturados ao adubo para suprir as deficiências de nutrientes do solo, para prepará-lo para a agricultura), continham na verdade lixo tóxico importado para enriquecer fertilizantes, com enorme potencial para contaminar o solo, a água e, conseqüentemente, toda a lavoura.
A denúncia feita à Justiça mostra que esses micronutrientes agrícolas, geralmente empregados para suprir as deficiências do solo, estão sendo substituídos por lixo tóxico de indústrias nacionais e de empresas de países desenvolvidos, incluindo na sucata todo o tipo de resíduo, tais como chumbo, cádmio, arsênio, cromo e organoclorados.
Essas substâncias existem na natureza, porém em baixas concentrações. "O chumbo é encontrado no solo em 40 partes por milhão e, nessa carga tóxica, chega a estar acima de 25 mil partes por milhão", constatou o mestre em poluição Elio Lopes dos Santos, que auxilia nas análises desse problema.
As plantações e o ambiente que tiverem contato com esses elementos no solo e na água contaminada podem propagar a contaminação em doses ainda mais alarmantes ao último elo na cadeia alimentar: seres humanos.
A importação de insumos tóxicos, contendo compostos de cádmio, chumbo e arsênico, se constatada, desobedece à lei Conama 23, que estabelece que é proibida a importação de resíduos perigosos com os metais citados, sob qualquer pretexto e para qualquer finalidade. Precisamos zelar pelo nosso planeta!


Fabio Giordano é bacharel em biologia, doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail: giordano@unisanta.br


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