ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Protocolo de Kyoto recebeu no final de setembro o aval do governo russo. O presidente Vladimir Putin encaminhou o documento ao Parlamento, a Duma. Se ratificado, o tratado entrará em vigor em 90 dias.
O documento intitulado Protocolo de Kyoto -referência à reunião promovida pelas Nações Unidas no Japão em 1997- determina que os países desenvolvidos assumam o compromisso de reduzir em até 5,2% a emissão de poluentes ou de gases que contribuem para o aumento do efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e outros. O limite para o cumprimento dessa meta é 2012.
Calcula-se que, se não houver uma redução significativa na emissão, ocorrerá aumento da temperatura na superfície terrestre. Esse aquecimento poderá variar de 1C a 3,5C e ocasionará, dentro de dez anos, a elevação do nível médio dos oceanos em até 90 centímetros.
Para transformar-se em lei mundial, o tratado teria de receber, no mínimo, a ratificação de 55 países, que devem responder por 55% das emissões globais segundo os índices registrados em 1990. Com a assinatura da Rússia, que responde por 17% das emissões, esse índice foi alcançado, mesmo sem a adesão dos EUA, maior poluidor do planeta, responsável por 25% dessa poluição.
Se o projeto for aprovado pela Duma, a Rússia terá dado um passo importante para a efetivação do protocolo. Na prática, pouco se tinha avançado desde a primeira conferência, realizada em Estocolmo, em 1972, ou após a conferência da ONU sobre ambiente, a Eco-92, no Brasil. A decisão de Moscou estimulará outros países a se alinharem na luta contra o aquecimento global. Quem sabe Washington se convence de que, pelo menos em questões relacionadas ao planeta, o mais indicado são soluções multilaterais.