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ATUALIDADES
O Consenso de Washington e o neoliberalismo
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Reunidos na capital americana
em novembro 1989 no International Institute for Economy, funcionários do governo dos EUA,
dos organismos internacionais e
economistas latino-americanos
discutiam um conjunto de reformas essenciais para que a América Latina superasse a crise econômica e retomasse o caminho do
crescimento. O diagnóstico era tenebroso: dívida externa elevada,
estagnação econômica, inflação
crescente, recessão e desemprego.
As conclusões desse encontro
passaram a ser denominadas informalmente como o Consenso
de Washington, expressão atribuída ao economista inglês John
Williamson. Longe de ser uma tese conspiratória do governo norte-americano, do Banco Mundial
ou do FMI, o consenso representava uma corrente de pensamento
na defesa de um conjunto de medidas técnicas em favor da economia de mercado, que visavam, em
tese, a recuperação econômica
dos países latino-americanos.
Denominadas "neoliberais", essas medidas foram aplicadas inicialmente no programa de governo de Margareth Thatcher, a partir dos anos 80. Tendo como eixo
central o combate ao poder dos
sindicatos e a redução do papel do
Estado na economia (Estado mínimo), empregou-se o receituário
neoliberal: privatização das empresas estatais, flexibilização da
legislação trabalhista, redução da
carga fiscal e abertura comercial.
Passadas quase duas décadas
dessa prescrição amarga, o Brasil
e a América Latina não viram
cumprir a expectativa de crescimento econômico. Ao contrário,
as conseqüências continuam danosas: o desemprego aumentou,
os salários foram drasticamente
reduzidos e a riqueza se concentrou ainda mais. Nosso Estado
"minimizado" tornou-se frágil e,
subordinado ao mercado, se distancia da agenda social. Na esteira
do consenso, virou anacronismo
falar em políticas protecionistas e
sobretudo em soberania nacional.
Roberto Candelori é coordenador da Cia.
de Ética, professor da Escola Móbile e do
Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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